terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Caius Julius Caesar – Um pouco de história

Julius Caesar - British Museum
A Europa em geral inpira história, mas Roma é uma cidade diferente de todas as outras em que eu estive.
 
Eu gosto de ler sobre os lugares que eu visito. Me ajuda a entender melhor o lugar, os costumes dos seus habitantes e a tentar entender um pouco do que eles passaram.
 
Roma não te dá muita opção de querer ou não estudar história. Você simplesmente tem uma aula ao vivo e só passear pelas ruas da cidade te leva automaticamente a uma viagem no tempo.
 
Quando estive no Forum Romano, fiquei maravilhada. Andar entre as ruínas de prédios e templos tão antigos, descobrir em que ano cada um foi construído te leva, para que eram usados, nos leva automaticamente a imaginar como era a vida naquela época.
 
A primeira vez que eu fui para Roma, fiquei fascinada pela vida do Imperador Caius Julius Caesar (100-44aC). Julius Caesar foi um dos maiores conquistadores da história, um homem de caráter forte e muito habilidoso politicamente, adorado pelo povo e detestado pelos seus pares do Senado.
 
Caesar foi também reconhecido com um dos maiores oradores do seu tempo, autor de frases que são conhecidas e repetidas até hoje:
 
“Alea jacta est” – “A sorte está lançada” – Dito quando cruzava o Rio Rubicão com seus soldados, numa guerra civil contra Pompeu. Ao cruzar o rio sabia que era um momento decisivo na sua carreira militar e política. Ou ganhava ou estava derrotado para sempre.
 
“Veni, vidi, vici” - "Vim, vi, venci". Caesar utilizou a frase para descrever sua recente vitória numa importante batalha, numa mensagem ao Senado Romano. A frase serviu tanto para proclamar seu feito, como também alertar aos senadores, sempre contra ele, de seu poderio militar.
 
“À mulher de Caesar não basta ser honesta, deve parecer honesta.” – ao se separar de sua esposa devido a uma acusação, quando ela supostamente não tinha culpa.

“Até tu, Brutus?” – considerada última frase proferida por Julius Caesar, ao ser assassinado pelos seus inimigos do Senado, vendo seu filho Brutus entre eles.

Outra de suas contribuições foi a adoção do calendário baseado no ciclo do sol, de 365 dias e a adoção de um dia a mais de 4 em 4 anos, que usamos até hoje. O nome do mês de Julho foi uma homenagem a ele.
 
Claro que não foi somente pelas frases e uso do calendário que ele foi tão importante.

Julius Caesar foi um personagem que marcou sua época, um do maiores generais da história de Roma, entre os mais bem sucedidos de todos os tempos. Culto, Caesar foi também um autor hábil que escreveu relatos detalhados de suas campanhas, como sobre as guerras da Gália e a guerra civil. Também foi um dos melhores oradores da Roma Antiga.
 
É importante lembrar que Caesar não era simplesmente um general, mas também um político. Em Roma, a política e a guerra eram intrinsecamente ligadas. O seu sucesso na guerra promoveu sua carreira política, que por sua vez possibilitou maiores oportunidades de comando militar.

Até o ano de 58aC, a carreira de Caesar foi bem sucedida, mas foi depois de sua aliança com os dois dos políticos mais poderosos de Roma, Pompeu e Crasso, que Caesar tornou-se consul e recebeu um comando excepcionalmente grande comparado aos demais generais. Essa aliança ficou conhecida como o primeiro triunvirato político.

Foi nessa época que Caesar liderou a campanha contra a Gália. Em oito anos, ele conquistou toda a Gália, derrotou diversas rebeliões e avançou o domínio de Roma até o Reno. Caesar ainda expandiu suas conquistas, avançando sobre a Grã-Bretanha. Grandes quantidades de saque e um grande número de escravos fez de Caesar um homem excepcionalmente rico. Ele cuidadosamente dividia suas conquistas com seus soldados, aumentando ainda mais sua lealdade a ele.

Caesar gostava de tomar medidas populistas – como distribuir parte dos bens conquistados ao povo - que agradava a maior parte da população romana, mas que desagradava severamente o Senado Romano, formado pela elite de Roma.

Apesar do triunvirato entre Ceasar, Pompeu e Crasso ter sido um sucesso durante vários anos, a adoração cada vez mais do povo romano por Caesar começou a deixar Pompeu enciumado.
O equilíbrio entre os três se abalou de vez com a morte de Crasso. O senado, percebendo a oportunidade, convenceu Pompeu a trair Caesar e se auto-proclamar cônsul de Roma, condenando Caesar por vários crimes de guerra e proclamando-o um inimigo do povo Romano.

Caesar, no entanto, marchou da Gália para Roma com seu exército, cruzando o rio Rubicão em 49 a.C.. O Rubicão era considerado a fronteira de Roma, e Caesar avançar com seu exército sobre esse território representava o início de uma guerra civil contra Pompeu.
 
Caesar emergiu dessa guerra mais forte ainda, sendo considerado um lider inigualável no mundo romano.
Pompeu, no entanto, conseguiu fugir. Caesar saiu em sua perseguição até o Egito, onde conheceu Cleópatra. Os dois se tornaram amantes, e tiveram um filho. Caesar decidiu intervir na política egípcia e substituiu o rei Ptolomeu XIII pela sua irmã Cleópatra, ajudando-a a se tornar rainha do Egito.
 
Retornando a Roma ele foi feito ditador – num conceito diferente do que temos hoje -, mas foi assassinado por uma conspiração dos membros do senado em 15 de Março 44 aC.
 
Caesar mudou a organização do exército romano, levando-o a um estado máximo de eficiência que garantiu vitória na maioria das suas batalhas. Ele instituiu um rigoroso programa de treinamento, com exercícios regulares e marchas que ele conduzia pessoalmente. Como líder, ele foi inspirador. Atos de bravura eram generosamente recompensados com decorações, promoções e uma fatia maior do saque. Caesar também foi hábil em promover o orgulho dos seus soldados. Quando o seu exército estava relutante em alguma batalha, ele tomava a liderança e muitas vezes ia na frente, fazendo com que seus soldados se inspirassem em sua atitude.
 
A qualidade mais marcante do seu comando era sua velocidade de ação. Ele sempre tentou tomar a iniciativa, lançando ofensivas mesmo no rigoroso inverno, com quaisquer tropas que estivessem imediatamente disponíveis.
 
Em batalha, Caesar marchava junto com seu exército, sempre presente onde havia uma crise, e disposto a ir para a linha de frente se a situação era desesperadora.
 
Como ditador de Roma, começou a fazer algumas reformas na estrutura política de Roma. Como a maioria delas era de cunho popular, agradava o povo, mas conseguiu ganhar ainda mais inimigos dentro do Senado até que, em 44 aC, foi assassinado por um grupo de senadores.
 
A morte de Julius marca o fim da Roma República e o início da Roma Império.
 
A população revoltou-se com o assassinato de Caesar, o que levou à várias guerras civis. No final, Otávio, sobrinho de Caesar, tornou-se o primeiro imperador romano, com o título de Augusto, vingando a morte do tio.
 
Onde ver a Roma de Caesar:

Forum Romano – onde ele viveu durante os períodos em que exerceu cargos políticos em Roma. Durante o período em que foi cônsul, reformou o Forum e construiu novos edifícios, como a Basílica Giulia e uma nova Curia.

Leia também o post: Um Tour Pelo Forum Romano
 
Area Sacra dell’Argentina – local onde o Senado se reunia e Julius Caesar foi assassinado.

Trombei com esse lugar totalmente sem querer, após sair do Campo di Fiori. Curiosa, fui procurar no guia o que era, e fiquei fascinada ao descobrir que era o local onde Caesar fora assassinado.
Uma visão geral da Area Sacra dell'Argentina

Provável local onde Julius Ceasar foi assassinado
Roma é ou não é uma aula de história a céu aberto?
 
p.s. Assista a excelente série "Roma", da HBO.
 

sábado, 28 de janeiro de 2012

Roteiro em Roma I

2.5 km: A)Le Quatto Fontane - B)Palazzo Barberini - C)Piazza di Spagna - Via Condotti - D)Ara Pacis - E)Piazza del Popolo

Le Quattro Fontane

Nosso roteiro começa no cruzamento da Via delle Quattro Fontane com a Via del Quirinale. Em cada uma das esquinas desse cruzamento – as duas avenidas foram abertas no final do século XVI – foi construída uma fonte e a estátua de uma divindade, fontes que seriam originalmente abastecidas pelo aqueduto Aqua Felice.

As duas divindades femininas representam as deusas Juno e Diana, e as duas divindades masculinas representam os deuses do rio Tibre e rio Arno.




Palazzo Barberini

Seguindo na Via delle Quattro Fontane, chegamos no Palazzo Barberini, que pertenceu a família Barberini. O palazzo foi inicialmente construído por Carlo Maderno, e terminado por Bernini e Borromini após a sua morte.

Hoje abriga a Galleria Nazionale di Arte Antica, com algumas obras importantes como La Fornerina, atribuída a Rafael, e Decapitação Judith Holofernes, do Caravaggio.


Piazza di Spagna

A chegada na Piazza di Spagna se dá pelo alto da escadaria Dei Trinità dei Monti, e parece um set de um filme antigo, com palmeiras e casas em tons alaranjados e rosados. É, sem dúvida, a praça mais charmosa de Roma.



Dali podemos ver a escadaria repleta de gente e, no horizonte, os terraços dos belos edifícios e casas e ao longe a cúpula da Basílica de São Pedro.


No alto da escadaria, temos a igreja de Trinità dei Monti, fundada pelos franceses em 1502. Vale a pena conhecer a igreja, que possui um magnífico afresco feito por Daniele da Volterra, discípulo de Michelangelo.

E perca, ou melhor, ganhe, vários minutos na frente da igreja, numa das mais belas vistas de Roma.

Descendo a escadaria, no centro da Piazza, fica a Fontana della Barcaccia, construída por Bernini. Essa fonte tem um formato de um barco afundando e, para mim, está entre as mais diferentes e bonitas fontes de Roma.


Via Condotti

Desça a Via Condotti, a mais importante e famosa rua de lojas de grife de Roma. Talvez a tentação seja grande, mas não pare agora. Ainda temos muito para andar. Ah! Um detalhe importante se quiser fazer uma pausa para um café: na via Condotti no. 86 está o Caffé Greco, fundado em 1760.

Pausa para almoçar?

Desça a Via Condotti, virando a direita na Via del Corso. Logo após a Igreja Santi Ambroglio e Carlo al Corso, vire a esquerda.

Aqui, na Piazza Augusto Imperatore no. 30, fica o Restaurante Alfredo, em teoria o criador do famoso Fetuttine Alfredo. Esse eu não experimentei, mas um amigo meu foi e gostou.

E na Piazza Augusto Imperatore no. 8, temos o restaurante Il Gusto. Esse sim eu posso recomendar com conhecimento de causa.

Ara Pacis

Muito perto dos dois restaurantes acima, Ara Pacis é um monumento erguido em 9 a.C., para celebrar a paz conquistada após o grande período de guerras civis e externas que Roma enfrentou após o assassinato de Julio Cesar. O monumento foi encomendado pelo Imperador Augusto, e aprovado pelo senado romano.


Todas as paredes são decoradas com mármore carrara, com relevos que mostram a família do imperador e algumas de suas principais conquistas, além de esculturas representando cenas da mitologia romana.

Um edifício de vidro, projetado pelo arquiteto Richard Meier em 1999, protege o monumento original.

Piazza del Popolo

Saindo do monumento Ara Pacis, seguindo pela Via di Ripetta, chega-se a esta ampla praça em formato oval, palco de shows e eventos públicos em Roma.

Na praça temos a Porta del Popolo, uma das portas de entrada da cidade antiga, para quem vinha da estrada que ligava Roma à Costa Adriática.
Ao lado da Porta, temos a Igreja Santa Maria del Popolo - essa para mim é uma das mais belas igrejas de Roma e uma das que mais merecem uma visita. No interior, encontram-se duas obras primas de Caravaggio - A Crucificação de São Pedro e a Conversão de São Paulo – e a capela Chigi, projetada por Rafael. 
A Conversão de São Paulo - Caravaggio

A Crucificação de Pedro - Caravaggio
Duas igrejas gêmeas se situam no final da Via del Corso, Santa Maria dei Miracoli e Santa Maria in Montesanto.
As igrejas gêmeas vistas através da Porta del Popolo
o centro, fica o obelisco de mais de 3 mil anos, trazido a Roma pelo imperador Augusto depois da conquista do Egito.


E atrás da praça, ficam os jardins da Villa Borghese. Subindo a rua, temos mais uma bela vista de Roma.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Clarice Lispector

Tenho andado pensativa. Gosto e nao gosto quando assim estou.

Nao gosto porque enamoro perto demais a melancolia e tenho receio do relacionamento ficar mais serio.

E gosto porque releio a minha vida e normalmente saio uma pessoa mais feliz, mais leve. Nao sei se melhor para os outros, mas definitivamente melhor para mim.

O ideal para mim nesses momentos seria viajar sozinha, mas como isso nem sempre eh possivel, viajo em filmes, livros e poesias.

Entao fica aqui mais um texto da minha querida Clarice Lispector:

MUDANÇA

Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa. Mais tarde, mude de mesa.
Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua. Depois, mude de caminho, ande por outras ruas, calmamente, observando com atenção os lugares por onde você passa.
Tome outros ônibus.
Mude por uns tempos o estilo das roupas. Dê os seus sapatos velhos. Procure andar descalço alguns dias. Tire uma tarde inteira para passear livremente na praia, ou no parque, e ouvir o canto dos passarinhos.
Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda. Durma no outro lado da cama... Depois, procure dormir em outras camas. Assista a outros programas de tv, compre outros jornais... leia outros livros.
Viva outros romances.
Não faça do hábito um estilo de vida. Ame a novidade. Durma mais tarde. Durma mais cedo.
Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua.
Corrija a postura.
Coma um pouco menos, escolha comidas diferentes, novos temperos, novas cores, novas delícias.
Tente o novo todo dia. O novo lado, o novo método, o novo sabor, o novo jeito, o novo prazer, o novo amor.
A nova vida. Tente. Busque novos amigos. Tente novos amores. Faça novas relações.
Almoce em outros locais, vá a outros restaurantes, tome outro tipo de bebida, compre pão em outra padaria.
Almoce mais cedo, jante mais tarde ou vice-versa.
Escolha outro mercado... outra marca de sabonete, outro creme dental... Tome banho em novos horários.
Use canetas de outras cores. Vá passear em outros lugares.
Ame muito, cada vez mais, de modos diferentes.
Troque de bolsa, de carteira, de malas, troque de carro, compre novos óculos, escreva outras poesias.
Jogue os velhos relógios, quebre delicadamente esses horrorosos despertadores.
Abra conta em outro banco. Vá a outros cinemas, outros cabeleireiros, outros teatros, visite novos museus.
Mude.
Lembre-se de que a Vida é uma só. E pense seriamente em arrumar um outro emprego, uma nova ocupação, um trabalho mais light, mais prazeroso, mais digno, mais humano.
Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as. Seja criativo.
E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa, longa, se possível sem destino.
Experimente coisas novas. Troque novamente. Mude, de novo. Experimente outra vez.
Você certamente conhecerá coisas melhores e coisas piores do que as já conhecidas, mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança, o movimento, o dinamismo, a energia. Só o que está morto não muda !
Repito por pura alegria de viver: a salvação é pelo risco, sem o qual a vida não vale a pena!

domingo, 15 de janeiro de 2012

Túmulo de São Pedro em Roma

Continuando na minha busca por coisas diferentes para fazer em Roma, descobri que é possível visitar o túmulo do apóstolo São Pedro.

O túmulo se localiza na Necrópole (“Cidade dos Mortos”), logo abaixo da Basílica de São Pedro, no Vaticano.

No século IV, o imperador Constantino mandou erguer a primeira basílica de São Pedro sobre um antigo cemitério romano, localizado do lado externo das muralhas que protegiam a cidade dos bárbaros. Acreditava-se que Pedro fora crucificado, por volta de 64 d.C., e enterrado nessa região.

O Papa Pio XII, no século XIX, determinou que escavações fossem feitas embaixo da Basílica, com o objetivo de localizar o local correto do túmulo do santo.

As escavações aconteceram entre 1939 e 1949, e foram conduzidas pela equipe de arqueólogos do Vaticano, sob comando do Monsenhor Ludwig Kaas. Logo no início, descobriram a necrópole romana - complexo de mausoléus pagãos e cristãos - sob as fundações da basílica de São Pedro. A escavação continuou em segredo – como se passou durante a II Guerra Mundial, os pesquisadores temiam que Hitler se interessasse pelo local - e entre as principais descobertas estava o que suspeitava-se ser o túmulo de São Pedro.

Nesse túmulo, foram encontrados restos mortais que condizem com os de uma pessoa que tenha vivido entre os séculos I e II depois de Cristo, com idade de cerca de 70 anos e com sinais de que tenha sido crucificado pelos pés. Todas essas características coincidem com o que seria esperado de São Pedro (acredita-se que São Pedro tenha sido crucificado de cabeça para baixo, a seu próprio pedido, porque ele que não se sentia digno de ser crucificado da mesma maneira que Jesus Cristo).

A visitação é conhecida como “Scavi Tour”. Como o tour permite apenas 250 visitantes por dia, divididos em grupos de 12 participantes, requer que seja agendado com antecedência. Cada grupo é acompanhado de um guia especializado do Vaticano e a visita dura cerca de uma hora e meia.

Primeiramente, envia-se um e-mail (pode ser em português mesmo) para scavi@fsp.va, no Ufficio Scavi, Escritório de Escavações do Vaticano, informando:
  • número de pessoas que participarão da visita, com os respectivos nomes
  • dias em que os interessados podem participar da visitação
  • idiomas desejados para o tour
  • endereço para resposta

Para tentar aumentar minhas chances de conseguir a visita, coloquei como opção todos os dias que estaria em Roma, e todos os idiomas que poderia aceitar, primeiro português, segundo espanhol e terceiro inglês.

Enviei com o máximo de antecedência possível, e recebi no dia seguinte uma confirmação que meu email tinha sido recebido e que seria avaliado. Esperei mais alguns dias para receber um email, dessa vez confirmando que meu pedido tinha sido aceito, com a data e horário da minha visita, e pedindo os dados do cartão de crédito para o pagamento (doze euros por pessoa). Para minha total surpresa, o email tambem dizia que meu grupo teria um guia que falava português.

Uns dois dias depois, você recebe um novo e-mail com o recibo de pagamento. Esse email deve ser impresso e levado no dia agendado, para ser trocado pelos tickets.

No dia da visita, você tem de ir ao Ufficio Scavi, um escritório que fica dentro do próprio Vaticano, do lado esquerdo de quem olha de frente para a Basilica. O tour começa pontualmente no horário, por isso é bom estar lá uns trinta minutos antes, contando que ainda é preciso pegar os tickets antes.

A visita é muito interessante. O caminho é estreito e escuro, e pode dar uma pequena sensação de claustrofobia quando entramos, mas logo voce se acostuma. Durante o percurso, o guia conta a história das escavações, explica os costumes da época, a vida dos primeiros cristãos, e vamos caminhando até chegar ao local do túmulo.

O meu guia, um seminarista de Curitiba, era muito religioso, mas racional. Explicava claramente que todas as evidencias científicas não podiam comprovar nada, já que não temos um DNA original para fazer uma comparação. Todos os exames feitos nos restos mortais condizem com o esperado num homem que viveu na mesma época e morreu em condições semelhantes `as de Pedro, mas que no final é mesmo uma questão de fé.

A visita termina na parte de baixo da Basílica de São Pedro, onde ficam os túmulos dos demais papas. Depois você ingressa na Basílica de São Pedro por uma entrada lateral, sem precisar ingressar naquela fila enorme. Por isso, deixe para visitar a Basílica no mesmo dia em que fizer o tour.

Recomendo muito essa visita, inclusive para quem não for religioso. Para quem acredita, é muito emocionante, mas é, no mínimo, uma aula de história ao vivo.


domingo, 8 de janeiro de 2012

Como ir para Roma e VER o Papa

Como disse no post O melhor presente, em novembro levei minha mãe, minha sogra e minha tia para passar uma semana em Roma.

Foi a segunda viagem internacional delas. Como a primeira foi para a incomparável Paris e foi simplesmente perfeita, fiquei quebrando a cabeça sobre o que mais poderia fazer para deixar essa viagem também especial.

Quando fomos para Paris, fizemos uma viagem de um dia para Giverny. Alugamos um carro, viajamos pelas estradas da França, conhecemos os Jardins de Monet que estava particularmente espetaculares.

Bom… para quem é católico, ir para Roma e ver o Papa é ideal, não é? Ainda mais que todas elas começaram a falar como se fosse a coisa mais óbvia do mundo não ver o Papa.

“Ah! Ele não deve nunca ficar em Roma!”

“Só gente muito especial dee conseguir ver o Papa!”

Apesar de eu não ser católica, minha sogra e minha tia são, e quis dar esse presentinho para ela. As duas quase infartaram quando telefonei dizendo que iríamos assistir uma audiência com o Papa. Minha mãe, apesar de não ser católica, quase enfartou também. 

Como fazer? Vamos ao passo a passo do que eu fiz.

Toda quarta-feira tem uma audiência com o Papa, a Audiência Papal (Udienza Papale). Para se inscrever:

1. Entrar no site do Vaticano, link abaixo, clicar em “Descarregar o formulário para bilhetes”. Vai abrir um arquivo do Word, que você imprime e preenche com seu nome, o número de pessoas, e data que você pretende assistir a audiência, seu endereço, telefone e número de fax.

2. Você pode enviar o formulário preenchido para o Vaticano pelo correio ou por fax, seguindo os dados no próprio documento. Eu mandei o formulário por fax, e recebi uma resposta também por fax apenas um dia depois, confirmando o meu pedido. A carta é muito simples, algumas linhas dizendo que seu pedido foi aceito, confirmando o número de pessoas, e com um número de registro. Você deve levar a carta com você, para conseguir retirar os bilhetes lá no Vaticano.

3. Você pode retirar os bilhetes no dia anterior à audiência ou no mesmo dia, a partir das 8:00 da manhã.

4. A audiência ocorre às 10:30 da manhã, e dura cerca de uma hora e meia. Apesar de ter hora marcada e de você já ter reservado seus bilhetes, é bom chegar cedo. Eu cheguei as 9:00 e já tinha uma fila bem grande.

A audiência se passa num auditório bem grande, com telões para poder ver melhor o Papa e os cardeais.

Fiquei com receio de ser um pouco cansativo, mas não. Eu fui no dia 02 de novembro, Finados, e esse foi o tema da audiência. O Papa e os Cardeais passaram mensagens bonitas, simples e em várias línguas, inclusive em português.

Minhas meninas gostaram muito e ficaram muito emocionadas.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

O melhor presente

Qual é o melhor presente que podemos dar para alguém?

Normalmente eu tento pensar na pessoa para escolher o que comprar, tento lembrar como ela é, como são as coisas que ela usa, se ela, e não eu, gostaria de ganhar aquele presente.

Afinal, o que é bom para mim não necessariamente é bom para a outra pessoa. E eu tenho mesmo um gosto esquisito para muitas coisas, bom não arriscar.

Só tem uma exceção nessa regra. Gosto tanto de viajar, acho que tem tanto lugar maravilhoso por esse mundão afora e acredito tão piamente que voltamos pessoas melhores,  que para mim esse é o melhor presente que posso dar para uma pessoa.

Foi pensando assim que alguns anos atrás dei um viagem para Fortaleza de presente para meus pais.

Meu pai é um amor de pessoa, o melhor pai do mundo, o melhor avô do universo, mas ele adora viver na conchinha dele. Não gosta de ir na casa dos outros, gosta de curtir o cantinho dele. E ele ficou bravo, bravo de verdade, falou que não iria, fez bico mesmo.

Minha mãe, que faz mais o gênero "qualquer paixão me diverte", adorou.

Ele nunca tinha andado de avião, minha mãe uma vez só, de São Paulo para Marília.

Bati o pé, falei que já tinha pagado - e já tinha mesmo - fiz um bico maior ainda. Sou caçula, mimada e craque em ficar de birra, ganhei fácil e eles foram.

A-do-ra-ram! Simplesmente isso. Meu pai teve que dar o braço a torcer. Tirou foto, comprou camiseta, amou andar de avião, amou as praias.

Depois disso já foram outras, algumas eu levei comigo outras eles mesmos se leveram. Natal, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina.

Há dois anos atrás cismei de levá-los para Paris.

Essa parada eu perdi para meu pai, pois não consegui convencê-lo de nenhuma forma a tirar o passaporte. Ele me fala que gosta mesmo é do Brasil, que se eu quiser levá-lo de novo para o Rio ou para o Guarujá, que ele ama, ele vai sem vacilar, mas para fora não. Como resistir? Ele não saia de casa! Vou ter de levá-lo para o Rio E para o Guarujá.

Já minha mãe abriu um sorriso de orelha a orelha, então mudei meus planos. Chamei minha sogra, e uma tia.

Fomos eu, meu marido e nossas três "pobres velhinhas", que de pobres velhinhas não tem nada.

O ano passado repeti o pacote, dessa vez para Roma, viagem que conto nos próximos posts.

Do alto dessa minha experiência, falo sem nenhuma sombra de dúvida: sempre que possível, dê viagem de presente!

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Feliz 2012!

Nunca fui de fazer balanços de fim de ano ou resoluções para o ano novo. Nunca fiz uma lista de intenções para o ano seguinte. Nunca medi minhas conquistas ou minhas derrotas na passagem de bastão de um ano para o outro.

Isso não quer dizer que nunca parei para pensar, para reavaliar meus valores, minhas decisões, meus comportamentos, minhas ações. Aliás, totalmente o oposto, pois faço isso até demais. Apenas não obedeço uma data definida. Ou obedecia.

Esse ano foi um pouco diferente. Passei a segunda metade de dezembro encucada, observando e concluindo que todo mundo que eu conheço faz isso e me questionando por que eu não faço.

Tentei então fazer uma retrospectiva do meu ano de 2011.

Não posso dizer que foi um ano fácil para mim. Passei por vários momentos muito difíceis, no aspecto pessoal e profissional. Levei tombos, recebi notícias ruins, fui duramente criticada em comportamento que me são caros, que me fazem ser quem eu sou, perdi uma pessoa muito querida.

No entanto, nos momentos mais difíceis fui atrás das coisas que me deixam feliz de verdade, sejam elas simples ou não.

Escrever, fotografar, viajar. Tomar leite condensado na latinha, comer pastel na feira. Abraçar as pessoas que amo, morder a barriga do meu sobrinho. Brincar com ele, inventar estórias, deixar a imaginação ganhar asas. Olhar a lua! Ah, como eu gosto de olhar a lua. Ler, assistir um filme gostoso. Velejar. Saber que tenho amigos que riem de mim e comigo, que me ajudam a não leva as coisas a sério demais.

Recomecei esse ano coisas que sempre gostei de fazer, como escrever nesse blog. Comecei coisas que nunca tinha feito, como escrever um livro, um livro de verdade, com começo, meio e fim. Livro que ainda tem só o começo e um pouco do meio.

E conclui que momentos difíceis nos levam para momentos bons. Eles são fundamentais para melhorarmos o que não está muito bom e eliminar o que está ruim. Até que começamos tudo de novo, nesse processo louco, dolorido e maravilhoso que é viver.

Não sei se consegui isolar direitinho o ano de 2011, porque minha retrospectiva muitas vezes avançou para outros anos.

De qualquer maneira, valeu para eu olhar 2012 com mais otimismo, com mais vontade de viver e lutar diariamente para não esquecer todas as coisas boas. Para não deixar que as ruins sufoquem as boas, para valorizar o que realmente importa e não dar tanto peso para o que não importa.

Apesar desse ser um exercício diário, agora entendo que fazer isso no final do ano nos impulsiona para o ano seguinte, e nos ajuda a encarar o futuro com mais otimismo e alegria.

Feliz 2012 para você!

E, como não poderia deixar de existir num blog como esse, muitas viagens boas!