Já escrevi nesse blog sobre algumas viagens fantásticas que fiz. Mesmo assim, ouso dizer que a viagem pelo Parque Nacional das Montanhas Rochosas no Canadá sem dúvida foi, em termos de beleza natural, a mais marcante.
Sabe aquela vontade que sentimos de largar nossa vida estressante e ir morar na praia? Durante essa viagem vi paisagens tão sensacionais e tão perfeitamente lindas, que chorei no meu último dia. Não queria ir embora. Queria simplesmente largar tudo e viver aqui.
Viajamos no final da primavera, pegando começo do verão, cruzando o parque pela Icefields Parkway. Vi lagos recém descongelados de um verde esmeralda e de um azul turquesa intensos, cachoeiras formadas pela neve que derretia das montanhas e, mais ao norte, lagos completamente congelados compondo uma paisagem de um branco tão puro de tirar o fôlego.
A vida animal é sensacional. Tinha lido sobre as
diversas espécies selvagens que vivem nas Rocky Mountains, mas mal consegui
acreditar quando vi o meu primeiro urso. E não somente ursos, mas também
esquilos, alces, impressionantes renas, cabras de montanha, carneiros
selvagens, lobos, numa fauna tão diversificada e tão diferente para nós
brasileiros.
A viagem começou por Calgary, onde chegamos de avião
vindos de Vancouver.
Calgary
Calgary é uma cidade grande, localizada na província de
Alberta, e tem uma população de aproximadamente 1 milhão de pessoas.
Calgary ficou internacionalmente conhecida por ter
sediado os Jogos Olímpicos de Inverno em 1988.
Apesar de ter sua principal atividade econômica na
indústria do petróleo, a agricultura é um setor muito forte.
Calgary é uma mistura de cidade cosmopolita - sede canadense
de várias indústrias multinacionais - com uma cidade agrícola. Não é incomum
ver na cidade cowboys de chapéu, bota e cinturão. Grande parte dos bares e
boates na cidade são voltadas para esse público, dando a impressão de estarmos
numa Barretos canadense.
Chegamos no final da tarde em Calgary. Tinha
reservado um carro para alugar que queria retirar antes da loja fechar, para
podermos partir no dia seguinte, logo após o café da manhã.
Sendo assim, conhecemos muito pouco de Calgary.
Fomos na Calgary Tower, um torre de observação de
191 metros de altura. Da torre tem-se uma boa visão da cidade e das Montanhas
Rochosas. A torre também tem uma parte do piso de vidro, o que garante uma
emoção extra.
Comemos num restaurante perto do The Core, shopping
center na 8th Avenue, entre as ruas 2nd e 3rd
e passeamos pelas ruas em volta.
Apesar de ter ficado muito pouco em Calgary, achei
que era uma bela cidade. No meu delirio de largar tudo e morar nas Rochosas,
considero Calgary um refúgio ideal para ir quando sentir falta da civilização.
No dia seguinte, partimos em direção a Banff, a 129
km de Calgary e já dentro do Parque Nacional das Montanhas Rochosas.
Banff
Banff é uma bela cidade turística a 1463 metros de
altitude, um dos principais destinos dentro do Canadá. No inverno torna-se cidade
de apoio para algumas estações de sky que se encontram ao seu redor e, no
verão, vira refúgio para caminhadas, canoagens e diversas outras atividades ao
ar livre.
Depois de um passeio pela avenida principal de
Banff, a Banff Avenue, seguimos para o teleférico. A Banff Gondola sobe a Sulphur
Mountain, montanha ao lado de Banff que apresenta vistas espetaculares não só
da cidade, mas também da região ao seu redor.
Quando a gondola atinge o topo, ainda é possível
fazer uma caminhada por uma trilha até uma antiga estação e ver alguns animais
da região, como esquilos, cervos e alces.
Fizemos também uma caminhada pela orla do Lago
Minnewanka, uma região espetacular a menos de 5 km de Banff. O lago estava com
uma coloração verde esmeralda linda!
Um pouco mais distante, há cerca de 60km de Banff,
Lake Louise apresenta uma visão de tirar o fôlego. Andando pela região, podemos
ver várias cachoeiras formadas pelas águas que estão descongelando nos picos
das montanhas.
Uma vontade? Me hospedar no Fairmont Hotel,
simplesmente em frente ao Lake Louise.
Baker Creek Mountain Resort
Na Central de Informação ao Turista de Banff, nos
falaram sobre nos hospedar em Baker Creek Chalets ao invés de Banff. Nos
explicaram que eram chalés super charmosos num espaço reservado no meio da
floresta, longe de qualquer cidade. Nos empolgamos com a idéia e lá fomos nós
por uns 50 km.
Baker Creek é exatamente o que nos foi explicado. Um
conjunto de chalés mais do que charmosos no meio da floresta, sem TV e com uma
banheira de hidromassagem no meio do quarto. Sensacional.
Ainda tivemos a sorte de jantar no restaurante Baker
Creek Bistro, ao lado dos chalés, onde comi uma das melhores refeições da minha
vida.
Depois descobrimos que é um restaurante bem famoso
na região e que muitas pessoas saem de Calgary para jantar aqui. Sugestão mais
do que aprovada!
Ah! É melhor fazer reserva no restaurant assim que
chegar.
Columbia Icefield
Columbia Icefield é uma das maiores geleiras do
planeta, com cerca de 325 km² de area.
Os mais aventureiros podem tentar escalar as
montanhas congeladas, mas eu me contentei em fazer apenas uma caminhada pela
geleira.
Depois de um bom tempo andando em campos brancos e
gelados, pegando neve na volta para o carro, tudo o que queríamos era encontrar
um quarto de hotel quentinho.
E aí que passamos por uma situação quase catastrófica.
Rodamos de carro pela região, mas não víamos nenhum hotel. Já estava escuro e a
neve não parava de cair, cada vez mais grossa. Até que vimos um hotel bem
grandinho e respiramos aliviados. Paramos o carro no estacionamento e subimos a
escada da entrada já levando nossas malas. Tudo embaixo da neve, que caía sem
dar trégua. Quando chegamos na recepção a resposta que ouvimos:
“Não tem quarto disponível.”
Olhamos um para o outro num princípio de pânico. Nisso
descobrimos que o próximo hotel ficava a cerca de 100km de lá. Insistimos, mas
nada. A simpática mocinha apenas balançava contundente e negativamente a
cabeça.
Como bons brasileiros, insistimos mais um pouco,
torcendo para que, como mágica, o não virasse sim.
Até que ela nos disse:
“Olha… tem um casal que fez reserva, mas ainda não
chegou. Se eles não chegarem em meia hora, eu dou a reserva para vocês.”
Nunca rezei tanto na minha vida! E fomos
recompensados, o abençoado casal nunca apareceu!
Um pequeno susto que nos fez aprender a lição de,
sem reserva em hotel, procurar por um quarto antes da situação ficar
desesperadora.
Jasper National Park
Jasper National Park é o maior parque das Montanhas
Rochosas, que possui como centro comercial a pequena cidade de Jasper, com
cerca de 4.000 habitantes.
Com uma paisagem arrebatora de montanhas, lagos,
cachoeiras, ainda possui uma vida animal bem diversificada.
Quando li reportagens sobre a região e li sobre a
quantidade de animais selvagens presentes, não acreditei que seria assim tão
fácil encontrá-los.
Afinal, eu faria uma viagem de carro, com apenas
pequenas excursões a pé. Não pretendia fazer trilhas para dentro da floresta ou
acampar no meio do nada.
Quando encontrei o primeiro alce, ainda ao redor do
Lago Minnewanka, vibrei como criança. Depois de alguns quilômetros de parque,
nem dava mais bola para alces, de tão comum que era vê-los.
Ao longo da Icefields Parkway, vi centenas de alces,
veados, renas, cabras de montanha (uma cabra branca e grande, diferente das
nossas), carneiros selvagens, esquilos.
O que não vou esquecer jamais foi o primeiro urso.
Preto, lindo, e ainda com um filhote de brinde.
De nada adiantou todos os avisos que vimos sobre o
quanto esses animais são perigosos. Quando avistávamos um, nós e todos os
outros turistas do parque, parávamos o carro, saíamos com as máquinas
fotográficas em punho, simplesmente en-lou-que-ci-dos. Parecia apenas uma
versão gigante do nosso urso de pelícia da infância.
Por sorte, nenhum deu muita bola para nós e saímos
ilesos dessa loucura.