quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Campo dei Fiori, Roma – Um prazer para os olhos e paladar


Acho que já falei em outros posts que eu adoro mercados. 

Gosto de ver as cores das frutas e legumes locais, se os vendedores gritam como os nossos – moça bonita não leva! mas também não paga -, se tem algum lugar para comer, para petiscar. Mata um pouco da minha vontade de ser uma local e de viver ali.

O Campo dei Fiori - Campo das Flores - é uma feira livre, como daquelas que temos em nossas ruas no Brasil, e fica concentrado sempre no mesmo lugar, na Piazza dei Fiori, pertinho da Piazza Navona. Apesar do nome, achei apenas uma barraca de flores, no meio dos legumes, frutas, frutas secas, massas.

No meio de tanta história que encontramos em Roma, Campo dei Fiori é um passeio que nos traz de volta ao presente, aos italianos simpáticos e galanteadores, ao colorido das barracas. Meu marido e eu compramos algumas trufas negras que me renderam um belo jantar em São Paulo e minha mãe, sogra e tia enlouqueceram com apetrechos mil para picar, desfiar, fazer bolinhas e um milhão de outros formatos de pobres legumes usados como cobaia por vendedores simpáticos e habilidosos.

A praça ainda é cercada por um pequeno mercado de queijos e embutidos – delicioso, vontade de comprar tudo – e vários restaurantes perfeitos para um lanche e um vinho.

Funciona de segunda a sábado, das 7:00 às 14:00.





domingo, 26 de fevereiro de 2012

Roteiro em Roma II

roteiro: 1,8 km
a. Palazzo del Quirinale; b. Igreja de Sant'Andrea al Quirinale; c. Fontana de Trevi; d. Templo de Adriano

Palazzo del Quirinale

Era originalmente a residência de verão do Papa, e serviu como Palácio Real enre 1870 e 1944. Quando a república foi proclamada, tornou-se residência oficial do Presidente da Itália.


Igreja de Sant’Andrea al Quirinale

A igreja foi projetada por Bernini e executada por seus assistentes entre 1658 e 1670. A igreja tem um formato oval, mais largo do que profundo, e é decorada internamente por belos arcos projetados por Bernini. 

A igreja foi construída em homenagem a Santo André, que é retratado cruxificado numa cruz em formato de X e não como a tradicional cruz em formato de T. Acredita-se que André tenha pedido um formato diferente de cruz, pois não se achava digno de ser cruxificado da mesma maneira que Jesus.

Fontana di Trevi

É a mais célebre das fontes de Roma, foi eternizada no cinema pelo diretor Fellini: numa cena de La Dolce Vita, Anita Ekbert se banha nas águas da Fontana di Trevi, sob o olhar de Marcelo Mastroianni.

Não é só pelo filme que se tornou a mais famosa e visitada fonte de Roma, realmente é a mais linda. E vale visitar de dia e a noite, em duas experiências completamente diferentes. Eu, particularmente, prefiro a Fontana à noite.



Não esqueça de jogar uma moedinha para voltar: vire de costas para a Fontana e, com a mão direita atire a moeda sobre o ombro esquerdo.


Templo de Adriano – esse templo foi construído por Antonino Pio em 145 d.C. em homenagem ao pai, o Imperador Adriano. Hoje abriga La Borsa, local da Bolsa de Valores de Roma.

Pantheon - O Pantheon fica na frente da Piazza della Rotonda fica e é um dos monumentos mais importantes e bem conservados de Roma. Construído pelo Imperador Adriano, entre os anos 125 e 118 a.C., para substituir um antigo templo construído por Marco Agripa em 27 a.C..


O mais impressionante é a sua cúpula, cuja grande abertura permite a passagem da luz natural. A luz natural vinda da abertura é a única fonte de luz do Panthen. Em seu interior ficam os túmulos do rei Vitório Emanuel II e do pintor Rafael.

Diferente de outros imperadores, que faziam grandes obras em sua própria homenagem, Adriano não colocou o seu nome no Pantheon. A inscrição da frente continua com o nome de Marcus Agripa.

Recomendo a interessante leitura do post do blog Flanâncias: http://www.flanancias.com/quem-tem-boca-vai-a-roma, que fala um pouco sobre o Imperador Adriano.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Um tour pelo Forum Romano

Vista do Forum Romano e do Coliseu ao fundo
Podemos começar com uma vista aérea do Forum Romano. E por aérea eu não quero dizer por avião, mas tem dois lugares em Roma que podemos ver o Forum Romano de cima:
  • Piazza do Campidoglio – de onde podemos observar o Forum de cima e assim termos uma idéia geral do conjunto de ruínas de edifícios, templos, arcos e da Via Sacra, principal via do Forum.
  • Monumento a Vittorio Emmanuel – suba as escadarias e entre no edifício, continue subindo as escadarias até chegar numa saída que dá para os fundos do prédio. Ali mesmo, do terraço, já temos uma vista fantástica, mas ainda assim pode-se subir mais através de um elevador panorâmico. Infelizmente, estava quebrado no dia que fui, e fiquei babando pelo que poderia ter avistado... Ah! Roma! Sempre me pregando peças para eu ter de voltar.
Aliás, eu aconselho a fazer isso antes e depois do nosso tour. Escolha uma das opções para ir antes e vá na outra depois, ou até em outro dia. Na volta, estamos mais “íntimos” do Forum, e conseguimos imaginar perfeitamente a vida dos romano naqueles tempos. Agora desça e dê uma volta pela Via Sacra.

A região conhecida por Forum Romano começou a ser construída por volta de 700 a.C., no período dos reis etruscos. A área se localizava entre os montes Palatino e Capitolino, e era uma região pantanosa que começou a se desenvolver rapidamente depois de ser drenada.
 
O Forum foi, durante quase 12 séculos, o centro da vida política, administrativa, comercial e judiciária da Roma Antiga.
 
Os reis antigos construíram grande parte dos edifícios, e depois Julius Caesar, construiu outros, na tentativa de fazer o Forum acompanhar o crescimento acelerado da população de Roma.
Veja abaixo um mapa do Forum, e também uma reconstrução:
 


Principais prédios para observarmos no mapa:
 
Curia – lugar oficial onde o Senado Romano se reunia. A Curia Julia foi inaugurada por Julius Caesar para substituir a antiga, Curia Hostilius, destruída por um incêndio em 52 a.C.
 

Comitium – o Comitium, que ficava na frente da Curia, era um lugar com degraus em formato circular, onde o povo se reunia para ouvir os discursos dos legisladores e senadores de Roma, que falavam de uma plataforma conhecida por Rostra.
 
Rostra Imperial – construída após a demolição do Comitium, em 45 a.C., usada pelos oradores de Roma.
 
Templo de Saturno – construído no início da República, em aproximadamente 497 a.C., guardava os tesouros e importantes documentos de Roma. Hoje ainda podemos ver 8 imponentes colunas.
 

Templo de Vespasiano – Templo de 81, dedicado ao imperador Vespasiano, venerado como deus depois de sua morte. A façada do templo tinha 6 colunas, mas hoje apenas 3 restam.
 
Templo da Concordia – o período entre a expulsão dos reis e o início das Guerras Púnicas foi caracterizado pelas guerras entre a população comum e os patrícios. Para conseguir a reconciliação entre as duas classes, Furius Camillus, consul no ano de 366 a.C., contruiu o templo da Concordia, deusa da concórdia e harmonia.
 
Arco de Sétimo Severo – um dos monumentos mais preservados do Forum, foi construído pelo imperador Sétimo Severo em 203, para celebrar suas conquistas em Roma.
Coluna de Focas – um dos monumentos mais recentes do Forum, construída em 608, em homenagem ao imperador Bizantino Focas, que visitou Roma.
 
Templo de Castor e Pollux – construído em 484 a.C. pelo ditador Aulus Postumus, como agradecimento a vitória contra os invasores de Roma, Latinos e Tarquinis, batalha na qual Castor e Pollux teria aparecido aos soldados. Atualmente, restam apenas 3 colunas de mármore.
 
Templo do Divino Julius – construído em 29 pelo imperador Augusto em homenagem a Julius Ceasa, após o seu assassinato.
 
Basilica Aemilia (179 a.C.) – edifício onde ocorriam as principais atividades do Forum, jurídica, política e econômica. Era dividida em três alas, para abrigar cada uma das suas diferentes atividades. Após a adoção do cristianismo pelo Imperador Contantino, passou a ser usada como templo religioso, e até hoje, as basílicas da Igreja Católica seguem o seu formato.
 
Basilica Giulia (49 a.C.) – sede de importantes tribunais de justiça. Foi construída por Julius Caesar. A Basílica Aemilia já não comportava a população romana em crescente expansão.

Regia (509 a.C.) – residência original dos reis etruscos, ficava entre o Templo da Vesta e o Templo de Antoninus e Faustina. A proximidade da Regia e dos Templos formou um centro político e religioso na cidade. Quando Julius Caesar tornou-se Pontifex Maximus, ele exerceu suas atividades da Regia.

Templo da Vesta – provavelmente construído por Numa Pompilius, segundo rei de Roma. O templo se localiza no centro do Forum Romano, e guardava o fogo sagrado, símbolo da vida na cidade de Roma. Único templo circular de Roma, era cuidado pelas sacerdotisas da Deusa Vesta, conhecidas por Vestals. (Leia também o post Templo da Deusa Vesta e Casa das Vestals Virgens)
 

Casa das Vestals Virgens – luxuosa e vasta residência das Vestals, sacerdotisas da Deusa Vesta. A Casa das Vestals Virgens era um belo edifício de vários andares, e os quartos davam para um pátio interno com lagos e jardins, cercado por estátuas das principais Vestals. 
uma das estátuas no pátio da Casa das Vestals
Templo de Rômulo – pequeno templo de teto abobadado, foi construído em homenagem ao filho de Maxentius, Rômulo, em 309. Depois, quando Roma adotou o cristianismo, foi anexado como vestíbulo da Igreja de São Cosme e Damião.

Templo de Antoninus e Faustina – construído em 141 por Antonius Pius, em homenagem a sua esposa, Faustina, que tinha morrido e sido canonizada naquele ano.

Basilica de Constantino e Maxêncio – um dos monumentos mais grandiosos do Forum, teve a construção iniciada por Maxentius e terminada por Constantino.

Arco de Tito – o Imperador Tito foi venerado como Deus após a sua morte, e esse arco foi construído em sua homenagem.


segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Templo da Deusa Vesta e a Casa das Vestals Virgens – Forum Romano

Na primeira vez que estive em Roma e, mais especificamente, no Forum Romano, fiquei especialmente intrigada por dois edifícios em ruínas que encontrei: O Templo da Deusa Vesta e a Casa das Vestals Virgens.
 
Casa das Vestals Virgens - Forum Romano
Curiosa que sou, fui pesquisar o que eram esses dois lugares.
 
O culto à deusa Vesta foi uma adaptação feita pelos romanos da deusa grega Hestia, filha dos deuses Chronos (Deus do Tempo) e Rhea (Deusa do Planeta Terra).
 
Hestia, ou Vesta na versão romana, era a deusa do Coração, ou seja, a deusa que representava o coração de Roma e de seus cidadãos. A deusa Vesta era considerada de extrema importância, pois era ela que cuidava da vida e da segurança de Roma e do povo romano.

Ruínas do Templo da Deusa Vesta
As sacerdotisas da deusa eram conhecidas como Vestals, e eram as únicas mulheres no grupo religioso de Roma.
 
Eram selecionadas diretamente de famílias nobres, entre as idades de 3 a 10 anos. Ter uma filha escolhida para ser Vestal era considerado uma honra para a família.
 
Somavam um total de 18 sacerdotisas e serviam à deusa por um período de 30 anos. Os primeiros 10 anos como noviças, os próximos efetivamente como Vestals Virgens e os últimos como superioras, responsáveis por treinar as noviças.
 
As vestals faziam um voto de castidade durante os 30 anos que serviam como sacerdotisas. Como benefício, lhes eram permitidos vários privilégios que normalmente não eram concedidos a uma mulher em Roma:
  • as vestals não eram mais consideradas propriedades de seus pais. Elas eram independentes e poderiam ter suas próprias propriedades.
  • tinham autorização para viajar livremente pela cidade, e eram carregadas em carruagens.
  • tinham assentos especiais para assistir jogos ou outras apresentações em lugares de entretenimento, como no Coliseu.
  • eram consideradas invioláveis e sagradas.
  • se uma pessoa condenada a morte cruzasse com uma Vestal no caminho da execução, o criminoso seria automaticamente perdoado.
  • tinham uma vida luxuosa e cheia de mordomias na Casa das Vestals Virgens.
Pátio interno da Casa da Vetals
Escada que levava ao segundo piso da Casa das Vestals
Isso pode parecer pouco comparado com os dias atuais, mas para aquela época eram privilégios não imaginados por um mulher comum. A mulher romana era sempre considerada propriedade de alguém, passando do seu pai, quando solteira, ao seu marido, quando casada. Não eram livres para viajar nem andar sozinhas pela cidade, e não tinham direito a propriedade, ou seja, não herdavam a herança dos seus pais.

Em contrapartida aos benefícios, as punições por quebrar as regras eram extremamente severas. A quebra do voto de castidade era punida com a morte. Como seu sangue era considerado e não podia ser derramado, elas eram condenadas a serem queimadas vivas.
 
Imagino como era difícil a vida de uma mulher naquela época e, tenho certeza absoluta, faria de tudo para ser escolhida como Vestal, mesmo correndo o risco de ser queimada viva.
 
Depois de 30 anos de dever, estavam livres de todas as responsabilidades e podiam manter uma vida privada, inclusive com o direito de se casar. Para os homens, era uma honra se casar com uma Vestal Virgem, mas a maioria delas preferia continuar solteira. Como elas mantinham os benefícios e as propriedades que ganhavam ao longo do tempo de serviço, preferiam manter a liberdade e não queriam voltar a ser propriedade de alguém.
 
Uma das suas principais responsabilidades era manter o fogo sagrado dentro do Templo da Vesta. Outra coisa que parece besteira nos dias de hoje, mas o fogo não era facilmente obtido naqueles tempos. Por isso, era de extrema importância regularizar a sua manutenção para todas as famílias romanas.
 
Outros deveres incluíam rituais em homenagem a deusa Vesta e participar de diversas cerimônias ao longo do ano. Elas também tomavam parte na vida administrativa de Roma, e muitas vezes eram chamadas para participar de reuniões com os imperadores.
 
O cargo mais alto dentre as Vestals era o da Virgo Vestalis Maxima, e elas reportavam direto ao Pontifex Maximum, maior autoridade religiosa romana.
 
As Vestals e o culto à deusa Vesta foi exterminado por ordem do Imperador Constantino. Constantino, quando se converteu ao catolicismo, aproximadamente em 312, terminou com todos os cultos pagãos.
 
Apesar do fim do culto, muito da estrutura e conceito foram replicados e adotados pela Igreja Católica. As freiras são Vestals Virgens modernas, e o mesmo podemos dizer da figura do Papa, Pontifex Maximum moderno.