Visão da Capela |
No entanto, assim como a Monalisa, a
Capela Sistina merece um pouco mais de dedicação. Na verdade muito mais, pois
reúne numa única sala as maiores obras-primas do período renascentista.
Seu nome é uma homenagem ao Papa Sisto
IV, que ordenou, por volta de 1475, a reforma da antiga capela existente.
O Papa então convocou alguns dos melhores
pintores da época para pintar os afrescos na parede: Perugino, Botticelli,
Ghirlandaio, Rosselli e Signorelli, entre os anos de 1481 e 1483.
Para a finalização das obras teve a
participação magistral de Michelangelo, em duas fases distintas. A primeira, de
1508 a 1512, quanto pintou o extraordinário afresco no teto da capela. E a
segunda, de 1534 a 1541, quando pintou o Juízo Final, no altar frontal.
As duas obras de Michelangelo são tão
espetaculares que ofuscam os demais afrescos nas paredes e a maioria dos
turistas nem nota que ali estão os melhores trabalhos do Renascentismo
italiano. Destaque para:
O Castigo dos Rebeldes - Botticelli |
A Tentação de Cristo - Botticelli |
A Convocação dos Apóstolos - Ghirlandaio |
A Santa Ceia - Rosselli |
O Teto
Depois da morte de Sisto IV, o Papa Julio
II encomendou que a pintura do teto fosse realizada por Michelangelo. A obra
completa foi realizada entre 1508 e 1512.
Decidiu dividir o teto em vários painéis,
através da pintura de colunas e arcos, e contar a história da bíblia como numa
sequência de quadros.
Na parte central, criou 9 grandes painéis
para representar o Livro dos Gêneses, desenhando em ordem cronológica a criação
do mundo, a expulsão do homem do paraíso e o dilúvio enfrentado por Noé.
A Criação do Sol e da Lua |
A Criação de Adão |
O Pecado Original |
Nos quadros cantos do teto, Michelangelo
pintou cenas do Antigo Testamento, como Moisés e a Serpente de Ouro e David e
Golias.
Foi um trabalho exaustivo. Michelangelo
era extremamente exigente com ele mesmo e com os outros, e trabalhou sozinho
durante os quatro anos que levou para terminar a obra, pois não conseguia achar
nenhum assistente que atendesse seu nível de perfeição.
Além disso, o trabalho demandava um
grande esforço físico e posições nada confortáveis que o artista se sujeitava
para concluir as pinturas com satisfação. Algumas vezes o artista trabalhava
deitado em andaimes, mas em muitas ficava em pé olhando para o teto, o que lhe
causava dores no pescoço e na coluna.
Também teve problemas com o Papa Julio
II, que não efetuava os pagamentos devidos no tempo acordado.
Aliás, Michelangelo não queria
inicialmente aceitar esse trabalho. Não se dava bem com o Papa Julio II por já
ter enfrentado dificuldade em receber o pagamento devido em trabalhos
anteriores. Também se julgava um escultor e não um pintor, e considerava a
pintura uma arte secundária.
Apesar da sua resistência inicial, dedicou-se
ao trabalho com sua habitual compulsão pela perfeição, concluindo assim uma das
suas maiores e mais reconhecidas obras-primas.
O Juízo Final
Quando Michelangelo terminou de pintar o
teto da Capela Sistina, ele deixou Roma e se mudou para Florença, onde executou
vários trabalhos para a família Medici.
Retornou para Roma em 1534, a pedido do
Papa Clementino VII, que fazia questão de ter Michelangelo como autor da a
pintura do Juízo Final, na painel central da Capela Sistina.
Considerado como outra obra-prima do
mestre, O Juízo Final foi pintado como uma imensa cena com centenas de figuras
em torno de Jesus Cristo. Ao lado de Jesus, está a Virgem Maria.
Jesus e a Virgem Maria |
Cristo é representado como uma figura
musculosa e de expressão dura, condenando sem piedade muitos dos mortos ao
inferno.
Está cercado por vários santos e, entre
eles, destaca-se a figura de São Bartolomeu, logo abaixo e a direita de Cristo.
Acredita-se que São Bartolomeu foi esfolado vivo, e é representado segurando a
própria pele. Muitos vêm um auto-retrato do pintor na pele que São Bartolomeu
segura.
São Bartolomeu |
Na parte inferior esquerda, os mortos
estão levantando das suas tumbas, acordados pelo som das 7 trompetas tocadas
pelos anjos.
Na parte inferior direita, Caronte, o
barqueiro da mitologia grega que fazia a travessia entre o mundo dos vivos e
dos mortos, expulsa as pessoas de sua barca para despejá-las no inferno.
Durante o Concílio de Trento, realizado
de 1545 a 1563, formado pela Igreja Católica para enfrentar a Reforma
Protestante, Michelangelo foi acusado de quebra de decoro devido à quantidade
de nus, principalmente masculinos, contidos no Juízo Final. Alguns pintores
foram então convocados para cobrir as partes consideradas indecorosas.
Apenas durante uma grande restauração
ocorrida entre 1980 e 1994, a pintura voltou ao seu original.