segunda-feira, 7 de março de 2011

Roteiros a Pé por Paris – Parte IV

Sacre-Coeur, Place du Tertre, Le Passe Muraille, Moulin Rouge


Hesitei um pouco para escrever o quarto “Roteiros a Pé por Paris”, simplesmente porque eu acho este, de Montmartre, muito intuitivo. O bairro é tão movimentado e vivo que naturalmente você vai seguindo pelas ruas e descobrindo a região.

Depois decidi escrever porque, com tantas coisas bonitas e famosas em Paris, acho que algumas pessoas podem subestimar a região e visitar apenas a Basílica Sacre Coeur.

Então esse post é mais um convite para você conhecer o bairro, porque vale sim muito a pena.

Montmartre se encontra no 18o. arrondissement, divisão da cidade que é similar ao nosso bairro, ao norte de Paris, e é conhecido principalmente pela imponente Basílica Sacre Coeur e também por ser um região de artistas, muitos vivem aqui há tantas décadas que é impossível imaginar a região sem seus trabalhos expostos pelas praças e galerias do bairro.

O nome Montmartre, Monte dos Mártires, foi escolhido porque, diz a lenda, foi nessa região que ocorreu o martírio de Saint Denis, primeiro bispo de Paris e padroeiro da França, e de seus seguidores.

Nosso roteiro então começa no céu e termina no inferno, traduzindo, começa na Basílica Sacre Coeur e termina no Moulin Rouge, famoso cabaré de Montmartre.

A Basílica da Sacré Coeur, que significa Sagrado Coração em português, se encontra na parte mais alta de Montmartre e, por isso mesmo, oferece mais uma linda vista da cidade de Paris.


Para chegar até ela, pode-se vir de metrô na estação Anvers e subir o monte pelas escadas ou, se preferir, de funicular. Pode-se também ir a pé, pelas ruas curvas e inclinadas que passam por trás da basílica, quase o caminho inverso que vamos fazer aqui. Quando fui com minhas três meninas (minha mãe, sogra e tia), preferi andar de táxi para todos os lugares, e o motorista nos deixou aos pés da Sacre Coeur.

Sua construção foi iniciada em 1870, em comemoração à vitória da França na guerra contra a Alemanha, a Guerra Franco-Prussinana.

A Sacre Coeur foi construída numa mistura dos estilos românico e bizantino, o que lhe dá um formato oriental completamente diferente das demais igrejas e catedrais de Paris.

Outro ponto que chama a atenção é sua coloração branca, que se mantém mesmo exposta ao tempo e à poluição, sempre presente numa cidade grande como Paris. Isso se deve porque a pedra que foi usada em sua construção, uma rocha chamada travertino, reage com a água da chuva e libera cálcio, mantendo constantemente renovada a cor branca.

A entrada no interior da basílica é gratuíta, mas paga-se para subir na cúpula.

No seu interior não é permitido tirar fotos, copiei as fotos abaixo do site oficial da basílica (www.sacre-coeur-montmartre.com/), e da cúpula temos uma vista ainda mais bela e ampla Paris.




Saindo da basílica, curta um pouco a região ao redor. Com pequenas e arborizadas praças, é um lugar agradável de caminhar e de observar mais um pouco Paris. Essa área em volta da Basílica foi cenário dos filmes “O fabuloso destino de Amélie Poulain” e “Sabrina”, com a Audrey Hepburn.



De costas para a Sacre Coeur, pegue a rua à direita até chegar na praça do Tertre (Place Du Tertre), a famosa praça dos pintores. Eu gosto de dar uma volta por essa praça e ver os quadros dos artistas locais.

Depois siga pela rua Norvins, a rua na frente da praça. Essa rua possui várias lojas de lembrancinhas para turistas, e também bonitas galerias de arte, com quadros, pôsteres e esculturas.

Continuando na rua Norvins, chegamos na praça Marcel Aymé, escritor e dramaturgo francês. Nessa praça tem um escultura de um homem atravessando o muro, homenagem à sua obra mais famosa, Le Passe Muraille.


Depois pegue à esquerda a rua d’Orchampt para chegar na praça Emile Goudeau, onde fica o Bateau Lavoir, prédio onde moraram e trabalharam Picasso e Modigliani, entre outros pintores.

Continue descendo até a rua des Abbesses e a rua Lepic.


Vire nessas ruas e ande um pouco no meio de lojas interessantes, pequenos mercados de flores e frutas, lojas de queijo e geléias. Eu fui num sábado de feriado, 1º de maio, e encontrei ruas bem parisienses com comércio tipicamente local. Como tinha intenção de fazer um piquenique à tarde, aproveitei para comprar morangos e queijos.


Depois volte até chegar na praça Blanche, onde fica o famoso cabaré e hoje casa de shows Moulin Rouge. A casa foi inaugurada em 1889, e fazia as famosas e polêmicas apresentações de cancan.


Leia abaixo um trecho da reportagem da Veja na História, simulação de uma reportagem de 20 de novembro de 1889.



“Moinho de Escãdalos
 
Um novo cabaré de Paris, o Moulin Rouge, agita a capital francesa com seus espetáculos de cancã.
 
Alguns centímetros de pernas femininas, logo acima dos joelhos, estão transformando Paris numa festa. As pernas são das dançarinas de cancã de um novo cabaré da cidade-luz, o Moulin Rouge (Moinho Vermelho), inaugurado com pompa e circunstância no mês passado. Não bastasse a já escandalosa coreografia da "quadrilha naturalistas", como a dança também é conhecida, com seu ir e vir de pernas para o alto, deixando à mostra a roupa de baixo das bailarinas, o Moulin Rouge decidiu apimentar seus espetáculos acrescentando o precioso palmo de nudez de suas coristas. Bem ou mal, não se fala em outra coisa na capital francesa. A idéia dos donos do cabaré, os experientes empresários de espetáculos Charles Zidler e Joseph Oller, foi criar uma casa capaz de atrair a fina flor da elite parisiense para a marginalizada região de Montmartre. Para tanto, precisavam de uma atração sem igual. Zidler se encarregou pessoalmente de descobrí-Ia. Atraído pela boa carreira que a quadrilha naturalista fazia no Elysée-Montmartre, o empresário não titubeou: abriu a carteira e, de uma só tacada, contratou todo o elenco do eventual concorrente - que agora está entregue exclusivamente a um balé de moscas. Com o incremento da nudez de centímetros, compreendidos entre o fim das meias pretas e a barra das calças brancas das dançarinas, o Moulin Rouge se tornou o senhor dos cabarés. Por conta dele, a noite parisiense está mais festiva do que nunca - e escandalosa também.”

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