Meu avô paterno nasceu na Itália e veio para o Brasil ainda criança, acompanhando seus pais na esperança de fazer a vida num país novo.
Ele faleceu quando meu pai ainda era um menino. Isso somado ao fato de minha família não ter nenhum documento histórico nem contato com nenhum outro parente do meu avô, fez com que eu crescesse sem ter noção de todo esse passado.
Quando minha prima Marcia me procurou há alguns anos atrás, me convidando para entrar com ela no processo da cidadania italiana, despertou em mim o interesse de conhecer um pouco o povo italiano.
Comecei a ler alguns relatos de viagens para a Itália, muitos deles bem desanimadores. Nesses, a Itália era sempre descrita como um país muito bonito, mas pior que todos os outros países europeus. Baguçado, com policiais corruptos, vários relatos de golpes em Roma, na Sicília, em Veneza.
Um amigo voltou dizendo que foi maltratado e que nunca mais voltaria para a Itália.
Sou racional para muitas coisas, mas nos destinos de viagem quem sempre manda é o meu coração. Ele decide os destinos, sem lógica nenhuma, como é típico dos corações. E, mesmo com todos esses relatos, quando ele decidiu ir para Roma, só me restou obedecer. Achei que até poderia me decepcionar, mas entendi que precisava viajar para lá.
Minha primeira visão de Roma?
Pousamos no aeroporto umas 10 horas da noite, e pegamos um táxi para ir ao hotel.
Após um longo vôo com escala em Zurique, estávamos bem cansados. O caminho do aeroporto começou totalmente sem graça. Quando entramos em Roma, olhei pela janela e vi o Coliseu.
O Coliseu, mais de mil anos de história, ali, da janela do meu táxi. Isso é Roma.
Como bem resumiu um outro amigo meu, você tropeça numa pedra em Roma, e descobre que ela tem mais de 2.000 anos de história.
E o que achei da viagem inteira?
Os italianos realmente falam alto e gesticulam sem parar. Dão risada, choram, brigam, tudo carregadíssimo de emoção. As filas crescem para o lado, o trânsito é bagunçado. Se tem mais golpistas que outros lugares da Europa, eu felizmente não os vi.
Sei apenas que qualquer sorveteria em qualquer canto de Roma tem o melhor sorvete do mundo.
Come-se bem e bebe-se melhor ainda. O pãozinho do café da manhã é espetacular, as massas, os vinhos, e comi tiramisus que me fizeram quase desistir de pedi-los no Brasil.
A Itália é viva, uma overdose de emoções e sentimentos. E tem muito do Brasil aqui mesmo, ou melhor, tem muito da Itália no Brasil. Roma é histórica e linda, vale cada dia, cada segundo, cada centavo.
Eu adoro a organização alemã, a educação dos ingleses, a praticidade dos americanos. Mas confesso que fiquei encantada em descobrir que eu sou mesmo, na verdade, apenas uma italianinha.