Como já falei várias vezes nesse blog, sou especialmente apaixonada por pinturas. Já fui em alguns dos mais importantes museus na Europa, mas a maioria das pinturas espanholas eu conhecia somente pelos livros do meu pai.
Eu não tinha lido muito sobre o Prado, sabia apenas que era um grande museu, mas não sabia muito o que encontrar lá. Devo dizer que sai fascinada.
O Prado tem uma coleção muito grande, abrangendo várias pinturas espanholas, italianas, flamencas, como esperado de um grande museu.
No entanto, para minha surpresa, é muito mais do que isso. É um mergulho completo nas obras dos pintores espanhóis Velázquez e Goya, praticamente uma biografia completa.
Com a vantagem de possuir uma coleção muito grande dos dois pintores - são cerca de 50 quadros de Velázquez e 140 de Goya – nos possibilita avaliar o desenvolvimento e evolução dos estilos dos dois ao longo dos anos.
E claro que o museu tem várias outras obras fascinates. Destaco as coleções de Rubens, El Greco, Tintoretto e Ticiano. Que museu!
No mapa do Prado, distribuído 'gratuitamente' no museu após a compra do ingresso, traz uma relação das principais obras do museu a serem visitadas.
Sugiro, para quem não quer ou não pode, passar o dia todo no museu, escolher no mapa as obras que acha mais interessantes e curtir a sala toda em que a obra escolhida está. Dá para ficar tranquilamente o dia todo, mas dessa maneira consegue-se ver o que há de melhor em cerca de 2 ou 3 horas.
Como fiquei simplesmente obcecada por Velázquez e Goya, vou resumir abaixo um pouco de tudo no guia, no próprio museu e em diversos outros vários lugares durante minha vida toda.
Diego Velázquez (1599 – 1660)
Nascido na cidade de Sevilha, ao sul da Espanha, pintou os seus primeiros quadros com temas religiosos e da mitologia grega. Dessa fase, o principal quadro no Prado é “Adoração dos Reis Magos” (1619).
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Adoração dos Reis Magos |
Em 1623 mudou-se para Madrid, como pintor da corte madrilena, especializando-se em retratos da família real. Principais obras dessa fase, também no Prado:
“O triunfo de Baco” (1628-1629)
“Felipe III a cavalo” (1628)
“Felipe IV” (1623-1628)
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O Triunfo de Baco |
Em 1929, ficou amigo do pintor Rubens e com ele fez uma viagem à Itália. Teve contato com outros pintores da época como Ticiano, Tintoretto e Veronese, se impressionou com o uso das cores.
Voltou então para Madrid e deu início a fase mais produtiva da sua carreira. Destaca-se nessa fase retratos que captam olhares e sentimentos dos retratados, e também retratos de anões e bobos da corte. Principais obras:
“A Rendição de Breda” (1634)
“Príncipe Baltasar Carlos” (1635-1636)
“El bufón Barbarroja, don Cristóbal de Castañeda y Pernía” (1636)
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A Rendição de Breda |
Em 1949, faz uma nova visita a Itália, Na volta para Madrid, começa uma fase mais madura, até diminuindo o ritmo frenético imposto na fase anterior.
“D. Mariana” (1652-1653)
“As Meninas” (1656) – este quadro é considerado sua obra-prima.
“As fiandeiras” (1657)
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As fiandeiras |
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As Meninas |
Francisco de Goya (1746 – 1828)
Entre os dois pintores espanhóis, Velazquez possui quadros mais bonitos, mas Goya é o que mais me marca.
Goya é intenso em quase todas as suas pinturas, com exceção apenas às feitas no início da sua carreira e as com caráter mais comercial.
Tinha uma adoração por mulheres, e as pintava com uma dedicação e delicadeza absurda.
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A leiteira de Bordeau |
Dois de seus quadros mais famosos, A Maja Nua e A Maja Vestida, foram apreendidas pela Inquisição Espanholas por serem consideradas obscenas, sendo devolvidas apenas alguns anos depois.
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A maja nua |
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A maja vestida |
Goya enfrentou uma doença muito grave e desconhecida na época, que quase o deixou paralítico, cego e surdo. Acredita-se que depois da doença, tenha ficado mais amargo e bem mais crítico com as injustiças da vida.
É a partir daí que vem sua fase mais perturbadora.
Goya pintou uma série de quadros de guerra, representando os sofrimentos causados por elas. Retrata a morte, dor, sem destaque para heróis ou vencedores.
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3 de março |
Nos seus últimos anos de vida, Goya pintou uma série de 14 pinturas que ficaram conhecidas como as "pinturas negras". São quadros de tonalidade escura, profundamente intensos e perturbadores. Goya pinta cenas chocantes de lutas e confrontos, e também cenas cotidinas e até religiosas, mas com um visão muito mais negativa e crítica.
Dessa série, o quadro mais famoso é “Saturno devorando um filho”, mas toda a obra é de arrepiar.
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Dois velhos comendo |
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Saturno comendo um filho |