domingo, 27 de novembro de 2011

Roteiro em Barcelona I

Barceloneta, La Rambla, Mercado de La Boqueria, Passeig de Grácia, Casa Milà, Casa Batlló


Barcelona é uma cidade litorânea e, como eu adoro praia, resolvi começar o meu segundo dia pela Barceloneta, ou seja, a praia de Barcelona.

Essa região era originalmente um lugar de pescadores, uma região mais simples e até um pouco deteriorada no passado, mas foi revigorada durante as Olimpíadas de 1992.

Hoje é uma área bonita, com praia de areias finas e brancas contrastando com azul intenso do mar Mediterrâneo. As praias são cheias no verão.


Nunca ouço muito as pessoas falarem da praia em Barcelona, e pensava se ela seria suja ou feia. Ainda na Costa Brava, conversei com uma menina de Barcelona que trabalhava no hotel, e ela foi minha grande incentivadora. É uma praia de cidade grande, diferente da charmosa Costa Brava, mas é bem bonita e realmente cheia de gente.

Voltei lá um outro dia, devidamente munida de biquini e canga, e curti um pouco a praia mesmo, esquecendo todas as atrações turísticas.

Andamos um pouco pela areia, e depois seguimos pelo calçadão até a estátua de Colon, na Plaça de Colon.


Afastando-se da praia, as ruas são estreitas, os prédios tem aparência mais velha. Como boa paulistana que sou, já tinha me informado no hotel e sabia que, apesar de realmente mais feia e portanto atraindo menos turistas, não é uma região perigosa.

Na estátua de Colon começa La Rambla, uma rua de pedestres que posso tranquilamente afirmar que é o local mais frequentado de Barcelona.


Com lojas, quiosques de flores, restaurantes, bares e cafeterias, atrai uma horda de turistas incomparável, e junto com esses, vários vendedores (imagino que a maioria ilegal no país) vendendo apitos que imitam pássaros, lenços e bolsas falsificadas, pulseiras e afins.

La Rambla, ao contrário da Barceloneta, é um lugar citado em praticamente todos os blogs e revistas de turismo sobre Barcelona. Na minha opinião é um lugar que precisa ser visitado, principalmente por ser para sentir um pouco mais da atmosfera e apreciar a fauna humana (e eu adoro praticar people- watching), mas um pouco lotado demais para uma pessoa que tem claustrofobia. Fui no verão, então há uma pequena esperança que em outros meses não seja tão lotado...

Bom, eu voltaria lá de qualquer maneira, porque mais ou menos no meio da Rambla, está o Mercado de La Boqueria, um mercado de frutas, legumes, verduras, peixes. Eu adoro conhecer os mercados e feiras das cidades que visito. Gosto de ver o que é igual aos do meu país, mas gosto mais ainda do que é diferente. O Mercado de La Boqueria fica num belo prédio, e de fora não dá para ter idéia da riqueza e variedades de coisas que tem lá dentro.

Apesar da muvuca continuar lá dentro, foi uma bela pausa. Na saída, continuamos caminhando na Rambla até o final.

Andando já há um bom tempo, comecei a sentir fome, mas não queria comer ali. Tinha parado para tomar um chop e quase morri ao ver o preço, totalmente armadilha para turistas.

Sei que tem restaurantes bons pela região, mas pegamos um taxi e fomos para um italiano que tinha sido muito bem recomendado: La Bella Napoli, na Calle Margarit 14. Quem recomendou não disse que era famoso, mas estava cheio de fotos de jogadores conhecidos na parede. Apesar disso, não foi muito caro, e a comida estava deliciosa.

Após o almoço, fomos para o Passeig de Grácia, praticamente uma continuação da Rambla, mas com uns 15 milhões a menos de turistas. Essa sim eu achei sensacional!

Larga, arborizada, cheia de prédios clássicos e maravilhosos. Destaque para a Casa Milà, também conhecida por La Pedrera – número 92 – e para a Casa Batlló, a “Casa dos Ossos” devido ao formato dos balcões deixarem-na parecida com um caveira – número 43 – as duas contruídas por Gaudí.

Casa Milà

Casa Batlló

P.s. normalmente almoço perto dos lugares onde estou, mas a corrida de taxi da Rambla até a Calle Margarit deve ter ficado uns 10 euros– ida e volta.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Tour Camp Nou - Barcelona Futebol Clube

Mais que um Clube - em catalão
Infelizmente para meu marido, os jogos do campeonato europeu e espanhol já tinham acabado quando viajamos para a Espanha. Pelo que eu vi procurando os ingressos – porque de futebol eu não entendo nada mesmo – a temporada acaba no final de maio, e viajamos no final de junho, chegando em Barcelona apenas em julho.

De qualquer maneira, depois do debut no tour no campo do Real Madrid – veja meu post Um Tour pelo Santiago Bernabeu - fomos fazer o Tour Camp Nou, o campo oficial do Barcelona Futebol Clube.

Segue abaixo o depoimento de uma pessoa – euzinha – que não assiste e não gosta de jogo nem na Copa do Mundo.

Como ainda estávamos de carrro, colocamos o endereço no GPS e fomos seguindo obedientemente as ordens. Foi surpreendentemente fácil estacionar, achamos uma vaga na frente do estádio.

Logo que atravessamos a avenida, vi uma quantidade absurda de gente. Pensei que estava acontecendo algum evento, mas logo vi que era apenas pessoas comprando ingresso para o tour.

No Real Madrid, tinha bastante gente fazendo o tour, mas aqui a quantidade estava infinitamente maior. Por isso, perguntei ao meu marido se o Barcelona era muito melhor que o Real Madrid. Ele, que não se espanta mais com esse tipo de pergunta da minha parte, me explicou pacientemente que o Barcelona no momento é considerado um dos melhores times do mundo, que os jogos são bonitos demais, que as jogadas do Messi são fantásticas.

Achei o tour de Real Madrid mais organizado, mas a euforia pelo Barcelona FC era nitidamente muito maior: crianças em êxtase, olhando para todos os cantos desesperadamente como se não pudessem perder nada, trombando com adultos que não se lembravam mais que eram adultos.

Confesso que num primeiro momento, achei meio triste visitar um estádio de futebol. Na minha cabecinha iniciante, o estádio é secundário, o importante é o jogo.

Depois do tour no Real Madrid e no Barcelona FC, aprendi que vale sim a pena. Eu que não gosto de futebol, fiquei encantada com tudo. Num esforço de tentar ser racional, os motivos:
  1. Tudo é muito organizado. Mesmo no Barcelona FC, com aquele absurdo de gente, todas as filas fluem rápido.
  2. O estádio é um museu do clube, e toda a história e muito bem guardada e contada. A primeira camiseta, os troféus, os campeonatos ganhos. Além de muito moderno, com painéis interativos onde você escolhe o que quer ver: os gols mais bonitos, jogos ganhos, nome de jogadores. 
  3. O estádio é moderno, bonito e diferente – para melhor – dos estádios brasileiros (na palavra do meu marido e de todas as crianças e adultos-crianças lá presentes);
  4. Nitidamente, para quem gosta muito, é um parque de diversões. Os mais fanáticos vão tendo pequenos ataques do coração: “cara, é aqui que senta a imprensa”; “olha a visão que os caras tem!”; “olha o banco de reserva!!!”.
  5. No final, claro, termina na loja do clube, com camisetas e tudo o mais que você puder imaginar. 
Uma coisa que eu achei interessante e que mostra a riqueza do time: a camiseta do Barcelona não tem propaganda. Na verdade, tem uma, da Unicef, mas o Barcelona doa dinheiro para a Unicef e não recebe dela para mostrar o seu símbolo.

p.s. Site do Clube, onde é possível comprar os ingressos para os jogos direto pela Internet:

domingo, 20 de novembro de 2011

Parc Güell - Barcelona



Aproveitando que estávamos de carro – tínhamos vindo de Carcassonne - e o devolveríamos apenas no final do dia, resolvemos visitar os dois lugares mais longes do hotel que ficamos: o Parc Güell e o Clube do Barcelona.

O Parc Güell é uma das mais freqüentes paisagens de Barcelona mostradas em fotos e propagandas turísticas da cidade, representado principalmente pelo dragão em mosaico da foto abaixo:


Belíssimo parque, é uma das maiores obras que Antonio Gaudí – famoso arquiteto catalão – deixou espalhadas por toda Barcelona. Foi construído entre 1900 e 1914, por encomenda de Eusebi Güell.

O parque é especial, um lugar que realmente traz paz e calma, e atrai não apenas turistas, mas também moradores, que vão descansar, ler ou correr pelas suas trilhas.

Logo na entrada do parque temos uma amostra do que vamos encontrar. Além da escadaria de entrada com a famosa fonte em forma de dragão, possui duas construções detalhadamente ornamentadas com formas curvas, e telhados nada comuns.


Subindo as escadas, passamos pela "Área das 100 Colunas", espaço onde artistas se apresentam em shows amadores de mágica ou instrumentos musicais.

Esse espaço, na verdade, serve como sustentação do que elegi como o meu lugar preferido: um espaçoso terraço onde podemos descansar e de onde podemos apreciar Barcelona do alto. Como o parque se situa numa parte alta da cidade, tem uma vista mais do que privilegiada de Barcelona.


Não sei do que eu gostei mais: da vista espetacular, do espaço amplo que abriga bem a quantidade absurda de pessoas ou do cuidado com que foi planejado e construído, aparente em todos os detalhes presentes.


O terraço é contornado por bancos em formato sinuoso, decorados com mosaicos. O formato sinuoso permite que as pessoas se sentem mais inclinadas uma às outras, não apenas lado a lado. E do lado de fora, mais mosaicos e pequenas gárgulas.

Eu li que Gaudí queria que suas obras se integrassem à paisagem do parque. Passeando pelo parque, podemos ver claramente que ele atingiu seu objetivo. Apesar de deixar sua marca característica em todas as obras – formas curvas e mosaicos – algumas obras parecem ter nascido do solo.

É um lugar extraordinário! 

Comecei a gostar de Barcelona e de Gaudi aqui.

domingo, 13 de novembro de 2011

Rivalidade entre Madrid e Barcelona – muito além do futebol

De longe e sem nunca ter ido para a Espanha, não conseguia entender a rivalidade entre Madrid e Barcelona. Algumas pessoas que conheciam as duas cidades tentavam me explicar de uma forma bem simples, dizendo que Madrid é como São Paulo e Barcelona é como o Rio. Outras, que era devido a competição entre os dois principais times de futebol das duas cidades.

Gosto de estudar a história dos lugares que visito, mas só consegui entender essa rivalidade quando conheci as duas cidades. Em Madrid, tentei incluir esse assunto nas minhas conversas, mas não consegui muita atenção. Somente quando cheguei em Barcelona, e comecei a conversar com as pessoas de lá, é que entendi realmente a sua dimensão.

Claro que tem diferenças muito simples de entender, como a localização geográfica das duas cidades.


Madrid é a capital e a maior cidade da Espanha. Localizada no centro geográfico do país, é hoje considerada o centro financeiro e político da Península Ibérica.

Barcelona é a segunda maior cidade da Espanha, e se localiza na fronteira leste do país, na costa do Mediterrâneo. Barcelona é hoje o maior centro industrial do país, e o seu porto é um dos mais importantes do Mediterrâneo em tonelagem de mercadorias e containers.

No entanto, não é localização geográfica e atividade econômica que explica de verdade a rivalidade existente, mas sim toda a história do país e seu passado político.

A Espanha se unificou como nação, mas é o resultado da soma de várias regiões com características culturais muito diferentes entre si, e que foram, durante muitos séculos, governadas como reinos totalmente independentes.

Claro que a maioria dos países atuais também foram formados pela unificação de regiões e territórios conquistados em guerras, mas conseguiram adotar uma língua única e uma identidade como nação. No Brasil tivemos no passado alguns movimentos separatistas, mas no presente nenhum movimento que se pretenda separatista tem muita força e adesão.

As diferenças culturais na Espanha são muito fortes e mantidas vivas até hoje, e o país convive frequentemente com grupos separatistas até extremados, como é o caso do ETA, que quer a independência do País Basco.

Desde a Constituição de 1978, a Espanha está oficialmente dividida em 17 Comunidades Autônomas. Quatro delas - Galiza, País Basco, Andaluzia e Catalunha - possuem maior autonomia e poder de decisão e soberania com relação às demais, autonomia devidamente reconhecida pela Constituição. Essa divisão e autonomia ajudou a respeitar as diferenças de cada região, e foi a solução encontrada para a transição democrática da época pós-franquista para enfrentar o problema eterno das reivindicações democráticas de independência.

Regiões da Espanha - fonte Wikipedia
Apesar do espanhol ser a língua oficial da Espanha, as comunidades autônomas possuem idiomas denominados co-oficiais que são ensinados nas escolas e falados nas ruas. Durante a minha passagem pela região catalunha – Valência, Costa Brava e Barcelona – conversei com várias pessoas que me juraram não falar o espanhol e saber apenas o catalão. 


Assim, cada região consegue manter e cultivar os seus custumes, sua língua e os seus valores.

Durante a ditadura de Franco, qualquer movimento de separação e independência foi devidamente sufocado e mantido sob controle.

Franco chegou ao poder liderando um movimento de extrema direita, depois de levar o país a uma violentíssima guerra civil. Como o movimento franquista nasceu em Madrid, entendemos porque é mais fácil encontrar pessoas em Barcelona mais inflamadas contra Madrid do que o oposto. Todas as outras regiões, e como conseqüência também a Catalunha e sua capital Barcelona, é que tiveram de aceitar as regras e a forte repressão do regime imposto por Madrid.

Essa rivalidade se reflete na rixa radical existente entre os dois principais times de futebol das duas cidades. Para a população catalã, o Real Madrid CF representava a realeza e o poder centralizador de Madrid e imposição da Espanha como Estado Maior. Já o FC Barcelona simbolizava a resistência catalã, representando sua cultura e seu desejo de independência.

Um pouco mais profundo do que as rivalidades que temos aqui no Brasil.

sábado, 12 de novembro de 2011

Hotel e Restaurante em Carcassonne

Um dos hotéis mais bem localizados e mais charmosos que eu já fiquei:

Hôtel du Chateau
2, rue Camille Saint Saens - Carcassonne, France

Do lado de fora da muralha, mas de frente ao portão de entrada. O café da manhã é servido na frente do hotel, e é de lá a foto abaixo:


Restaurante

Carcassonne tem vários restaurantes agradáveis. Comi um excelente cassoulet e um vinho espetacular no Adelaïde.

Cassoulet é um prato típico da região, de origem muito antiga. Diz a lenda que ele foi inventado durante a Guerra dos Cem Anos, quando os ingleses invadiram a região e não restava muito aos pobres do que cozinhar feijão e pedaços de linguiça e carne de porco em panelas de barro (conhecidas em francês como cassoles, que deu origem ao nome).

Para quem não conhece, é um prato feito com feijão branco, peito de pato, linguiça e carne de porco. Bem parecido com a nossa feijoada, não é?

Vale muito a pena experimentar!

Adelaïde - 5 rue Adelaide de Toulouse - Carcassonne