sábado, 13 de agosto de 2011

Falling in love with Picasso


Em vários outros posts desse blog, falei sobre minha paixão por pinturas. E agora tenho uma confissão para fazer: Picasso nunca fez parte dessa paixão.

Seus quadros, apesar de famosos, não me diziam nada.

Muitas vezes me esforcei, mas não conseguia me inspirar ou me emocionar. Já tinha visto alguns de seus quadros em New York e não conseguia entender o segredo de tanto sucesso. Achava que era apenas uma questão de marketing muito bem feito.

Estava segura da minha opinião até o dia em que fiquei cara a cara com Guernica, seu quadro mais famoso, no Museu de Arte Reina Sofia, em Madrid.

Eu fiquei sem respirar durante um minuto inteiro.


Pablo Picasso pintou Guernica para a Exposição Internacional de Paris em 1937, como um protesto ao bombardeio da pequena cidade espanhola de Guernica por aviões alemães, aliados das tropas de Franco.

Guernica é pintado apenas em cinza, preto e branco, retratando cenas de dor e desespero. Pessoas chorando, animais machucados. Forte. Fortíssimo.

Já estava há alguns dias em Madrid, tinha lido muito sobre a Guerra Civil Espanhola e tinha entendido um pouco do quanto o povo espanhol sofreu durante a guerra e depois, na ditatura de Franco.

O quadro deixou de ser apenas um dos quadros mais famosos do mundo e me transportou para o ano em que foi pintado, no meio da guerra civil, com cidades sendo bombardeados, pessoas inocentes sofrendo, morrendo.

Para respirar um pouco, dei uma volta na sala. Uma exposição de fotos mostra Guernica em diferentes estágios de execução, o que me fez olhar atentamente cada uma das fases e comparar com o quadro pronto. Os detalhes, o perfeccionismo, a compulsão.

Comecei a entender a paixão com que Picasso pintava e comecei ali a me apaixonar também.

Cabeça de Mulher Chorando
No meu post Museo del Prado, o Daniel fez um comentário sobre algumas versões do quadro "As Meninas" de Velázquez, feitas por Picasso. Já totalmente fisgada pelo pintor, fui atrás dessa informação no Google.

Fiquei uma boa hora vendo quadros de Picasso e lendo mais sobre sua vida.

A mulher em azul

O pintor e a modelo
Picasso pintou uma série de 58 quadros sobre Las Meninas, de Velázquez, reinterpretando e recriando o quadro com mudanças de perspectiva, iluminação, posicionamento dos personagens.

As Meninas de Picasso

Detalhe de "As Meninas" - pintura de Velázquez a esquerda e de Picasso a direita

Mais uma vez, fiquei impressionada com a devoção que dedicava à pintura.

Apaixonada, completamente apaixonada.


2 comentários:

  1. Nossa, que bacana seu post.

    Assim como você, também achava Picasso mais valorizado do que devia. Tenho uma tendência a achar que pintores que não pintam coisas realistas na verdade não sabem pintar (é preconceito mesmo..rs). Então pintores como Mirò ficam de fora de minha lista de favoritos.

    E Picasso estava nessa porque o conhecia apenas superficialmente. No museu Picasso em Barcelona aprendi que ele sabia, sim, pintar temas mais realistas, e que a opção pelo estilo cubista foi isso mesmo: uma opção, e não uma falta de opção. E conhecendo mais obras dele nesse estilo, como As Meninas que você citou, e, claro, Guernica, aprendi a admirar a maneira com que ele conseguiu fazer suas obras transmitirem tantas expressões fortes e reais, sem precisar usar o pincel do realismo.
    Abraço,
    Daniel da Rovare

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  2. Oi Daniel,

    Concordo totalmente que é preconceito mesmo rsrsrs, mas ainda bem que a gente muda, né?

    E concordo totalmente também com o que você escreveu!

    Abraços,

    Adriana

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