segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Um milhão de vezes Paris

Conheci Paris na minha primeira viagem ao exterior, quando fiquei um mês estudando inglês em Londres, há inacreditáveis 16 anos atrás.

Foram quatro curtíssimos dias, mas mais do que suficientes para eu ficar irreversivelmente apaixonada.

O hotel ficava no quartier latin e, todos os dias, ao sair e ao voltar, passava em frente à catedral de Notre Dame, caminhando sem pressa pela Sena.

Essa imagem ficou congelada para sempre na minha lembrança.

Paris é linda, encantadora, um sonho. Avenidas largas e arborizadas, museus fabulosos, restaurantes e cafés charmosos, parisienses e turistas bebendo vinho e curtindo a vida.

Fui numa época em que o parisiense torcia o nariz para turistas que não falavam francês. Hoje Paris é muito mais aberta e receptiva, muito mais simpática.

Voltei para Paris mais algumas vezes, aprendi francês. Adoro Charles Aznavour, Edith Piaff, Francis Cabrel,
Patrícia Kaas.

Ainda estudo francês duas vezes por semana com minha adorável professora Mireille, no horário de almoço. Muitas vezes, num dia estressante, vou para minha aulinha ler artigos do Le Monde, da Marie Claire, turismo em várias regiões da França, ouço músicas francesas, esqueço do mundo.

No ano passado, levei minha mãe, Lidia, minha sogra, Neida, e a querida tia Helena para conhecer Paris, no que seria uma das melhores viagens da minha vida.

Foi a primeira viagem da minha mãe e da minha sogra (a tia Helena é mais viajada), e fiquei muito feliz em dar esse presente para elas.

Indescritível levá-las em lugares que eu gosto tanto, mas melhor ainda foi aprender com elas a olhar Paris de uma maneira diferente, mais simples, andando pelos arredores do hotel, prestando atenção em prédios comuns, lembrando nomes das flores, comprando lembrancinhas para as amigas, tirando fotos, bebendo vinho e rindo muito.

Paris, je me souvien toujours!

sábado, 29 de janeiro de 2011

Top Dicas de Berlin

Imperdível!
  • Checkpoint Charlie – para conhecer a história da construção, existência e queda do muro de Berlin
  • Brandenburger Tor (Portão de Brandenburgo)
  • Berliner Dom – a Catedral de Berlin
  • Ilha dos Museus – principalmente o Pergamon Museum
  • Torre da Televisão – para ver Berlin do alto
  • Reichstag – Parlamento Alemão
  • Tiergarten – o maior parque de Berlin
  • Potsdamer Platz
  • Kaiser Wilhelm Gedächtniskirche, na avenida Kurfürstendamm
Interessante
  • Assistir ao filme “Adeus Lenin”, que conta a vida pós a queda do muro com muito humor
Atenção
  • Alexander Platz – meio abandonada, não achei nada interessante.
  • Para subir no domo do Reichstag, chegar cedo. A fila é monstruosa.
Restaurantes
  • Moreno Carusi
  • Restaurantes na Unter den Linden
  • Restaurantes e bares na Potsdamer Platz
  • Restaurantes e bares na avenida Kurfürstendamm
Hotel
  • Ritz, na Potsdamer Platz, um dos melhores hotéis que eu já fiquei. O café da manhã é espetacular, apesar de caro e pago em separado da diária. Tem uma infinidade de opções de pães, bolos, geléias e ainda uma mesa para fazer, na hora, ovos, bacon, presunto e várias outras opções quentes. Eu juro que se ficasse um mês hospedada naquele hotel, sairia quebrada, obesa e extremamente feliz!!!

Berlin Ocidental

Reichstag

O Reichstag, sede do Parlamento Alemão, se situa perto do Portão de Bradenburgo, e é um dos prédios mais conhecidos de Berlin, com seu bonito domo de vidro.
Durante o pós guerra, ficou no lado ocidental da cidade e, com a transferência da capital da Berlin Ocidental para Bonn, não foi muito utilizado.

Somente após a a queda do muro é que ele foi restaurado, e o parlamento transferido para lá.

No lugar do antigo teto, completamente destruído durante a II Guerra, foi construído um novo e moderno domo de vidro.

O domo é aberto à visitação, mas durante o dia forma-se uma fila muito grande. Tentamos despretensiosamente duas vezes, mas como o tempo de espera informado era de 1 hora e meia, desistimos.

Ficar esse tempo todo esperando na fila, embaixo de um sol escaldante, não era em absoluto nossa intenção.

Um funcionário do parlamente nos aconselhou a chegar no primeiro horário, as 8 horas da manhã e assim fizemos.

Sei que é ruim acordar cedo nas férias para a maioria das pessoas, mas eu recomendo muito porque
realmente vale muito a pena.



Um elevador leva até o início do domo, e depois podemos caminhar até o topo por uma rampa.

Na recepção ganhamos um audio, que vai explicando automaticamente a vista que se tem do domo.

Descobri surpresa ao descobrir que quando eu parava de andar, o audio também parava de falar rsrsrs, voltando automaticamente quando eu resolvia dar mais alguns passinhos. Amo a tecnologia!

Mais uma vista maravilhosa de Berlin!

Tiergarten

Como o hotel que ficamos estava muito perto do parque Tiergarten, passamos na sua frente um milhão de vezes, muitas vezes, correndo para andar debaixo das suas árvores para fugir do sol e calor intenso que fazia.

Tiergarten, que em português significa “jardim dos animais”, é o maior e mais popular parque de Berlin, com cerca de 2,5 km2.

Antes da reunificação, fazia parte da Berlin Ocidental, e sofreu muito com os bombardeios durante a guerra e mais ainda após o fim da guerra, quando os habitantes de Berlin cortaram as árvores para fazer fogueiras e escapar do frio.

Tiergarten era inicialmente como local de caçadas dos nobres de Berlin, e somente foi aberto ao público durante o reinado de Friedrich I, rei da Prússia, no início do século XVIII. Na realidade, foi o primeiro parque público de Berlin, aberto para todas as classes sociais.

No centro do parque, temos a Grosser Stern “Grande Estrela”, que é um cruzamento das cinco ruas que cruzam o parque. Aqui se encontra a Coluna da Vitória (Siegessäule), uma grande coluna de 69 metros, em cujo topo está a estátua da deusa Vitória da mitologia romana, construída para simbolizar a vitória da Prússia na guerra Franco-prussiana. 
Fonte: Wikipedia
Li em vários lugares que é possível subir até o topo da coluna, e que se tem uma vista privilegiada da cidade. Infelizmente, fiquei só na vontade. A coluna estava sendo reformada no período em que estive lá :( 

O que deveríamos ter visto...
(Fonte: Wikipedia)
... e o que vimos.
No parque há ainda o Zoologischer Garten, o zoológico mais antigo do país, construído em 1841, que possui mais de 13 mil animais e várias espécies raras. Bem próximo ao zoológico, há um aquário gigantesco, que possui mais de 10 mil peixes, répteis e anfíbios. Informação apenas copiada do meu guia, porque, desta vez por opção, não fui lá conferir.

O antigo lado ocidental de Berlim, que foi a atração mais festejada da cidade há pouco tempo, vem perdendo importância entre o público mais jovem.

Cruzamos todo o parque a pé, caminhando em direção à Kaiser Wilhelm Gedächtniskirche na avenida Kurfürstendamm.

Kaiser Wilhelm Gedächtniskirche e a avenida Kurfürstendamm

A Kaiser Wilhelm Gedächtniskirche conserva até hoje as marcas dos bombardeios sofridos durante a Segunda Guerra Mundial. A igreja passou por uma reforma, mas foi decidido não fazer uma reconstrução completa como forma de lembrar o que aconteceu durante a guerra.

Como citei no post Berlin - Um pouco de historia, a igreja é cheia de turistas tirando fotos enlouquecidamente e num primeiro momento parece apenas mais um item na lista de “coisas a fazer”, mas entrar no seu interior e ver o céu através do teto destruído desperta um sentimento muito forte. Qualquer guerra é um absurdo, nada justifica o sofrimento pelo qual passa o cidadão comum.

Ao lado da igreja foi construída uma nova e moderna igreja, projetada pelo arquiteto Egon Eiermann.

Saímos de lá e seguimos caminhando pela avenida Kurfürstendamm, uma avenida larga e extensa que abriga muitas lojas de grifes famosas, restaurantes interessantes e uma infinidade de bares e cafés. Para quem gosta de fazer uma comprinha, tem também o shopping center Europa Center (confesso que entrei e dou uma dica para as mulheres: não sei se foi sorte, mas as lingeries estavam muuuuuito baratas. Sorte ou não, vale a pena conferir.).

Bom... saindo do shopping, paramos um minuto para, muito sérios, escolher em qual dos milhares de bares da  Kurfürstendamm, beberíamos nossa cerveja.


Eh vida boa!

Potsdamer Platz – Meio Ocidental Meio Oriental

Voltando para o hotel, fomos conhecer melhor outro lugar que passávamos em frente todos os dias, a Potsdamer Platz.

Apenas mais um pouco de história: seu nome homenageia a cidade de Potsdam, cerca de 25 km à sudoeste de Berlin, e marca o ponto onde a velha estrada para Potsdam passava através da muralha da cidade de Berlim no Portão de Potsdam (fonte: Wikipedia).

Esse lugar foi totalmente destruído durante a II Guerra e, dividido pelo muro durante a guerra fria, completamente abandonado nesse período. Aqui foi a primeira vez que vimos o traçado do muro, que expliquei no post Berlin - um pouco de história.


Potsdamer Platz após a II Guerra (Fonte: Wikipedia)
Como a Potsdamer Platz foi ela própria dividida pelo muro, foi escolhida como o marco inicial da reconstrução de Berlin e se tornou o símbolo da sua reunificação.

Potsdamer dividida pelo Muro (Fonte Wikipedia)
Hoje é o lugar onde estão os prédios mais modernos de Berlin, com excelentes restaurantes, bares e um shooping center subterrâneo, o Arkaden, cujo acesso se dá pela entrada do metrô.



quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Moreno Carusi – Um restaurante em Berlin

Logo no primeiro dia em Berlin, pedimos algumas dicas de restaurantes para o concierge do hotel.

Ele nos indicou três restaurantes, todos próximos do hotel, na Potsdamer Platz.

Como contei no primeiro post sobre Berlin, demos uma volta antes de jantar. Fomos até o Portão de Bradenburgo, demoramos um pouco e quando decidimos comer já estava um pouco tarde. E, muito importante, teria jogo da copa e meu marido queria assistir.

Isso tudo para explicar que entramos no primeiro dos três restaurantes apenas usando o critério “qual encontrarmos primeiro”.

E para nossa sorte foi o restaurante Moreno Carusi.
Quando chegamos, o restaurante estava bem vazio, mas ao pedirmos uma mesa a menina que nos atendeu perguntou se tínhamos reserva. Claro que não tínhamos, mas fizemos uma cara de cachorro faminto tão sentida que nem precisamos implorar e ela nos arrumou uma mesa. Em pouco tempo o restaurante foi lotando.

Pedimos uma massa com trufas negras que estava simplesmente suprema, extraordinária, perfeita. De comer de olhos fechados e de joelhos, agradecendo a existência de cada macarrãozinho naquele prato.

Voltamos para o hotel simplesmente encantados.

No segundo dia em Berlin, tentamos um outro restaurante. Era bom, mas...

Ja fui muito criticada pelo que vou contar agora, então sai quase como uma confissão. Voltamos nesse restaurante nos outros dois dias que ficamos em Berlin. Na segunda vez, ainda tentei pedir um prato diferente, mas na terceira vez não quis arriscar nem o prato.

Sim, sim, eu sei que é um absurdo. Tantos restaurantes para conhecer... Acredite que já ouvi isso um milhão de vezes e, tenho que confessar de novo, não estou nem aí. Assim como não estou nem aí para as críticas que recebo por voltar na mesma cidade mais de uma vez, ou por assistir um filme ou ler um livro duas, três, infinitas vezes.

Para mim é um prazer reencontrar alguma coisa que eu gostei tanto, ter a oportunidade de conhecer um lugar com mais calma, repetir apenas o que eu gostei mais, prestar atenção num detalhe que não vi da primeira vez.

No segundo dia, a garçonete que nos atendeu da primeira nos reconheceu. Nesse dia, o chef também saiu para cumprimentar alguns amigos e foi ele quem “inventou” uma mesa para nos receber (porque estava cheio de novo e estávamos sem reserva de novo). No terceiro vez, já éramos amigos de todo mundo.

Nesse dia, uma sexta-feira quente, as mesas estavam todas na calçada, deixando o ambiente mais agradável ainda.

Comemos nossa deliciosa massa com trufas, bebemos vinho, conversamos com dois americanos que estavam na mesa ao lado, papo super agradável.

Quando fomos embora, o chef estava de novo conversando com alguns amigos e nos cumprimentou e foi conversar com a gente. Contamos que éramos brasileiros, que íamos embora no dia seguinte, e o Gustavo perguntou se era muito difícil fazer a massa com trufas.

Ele nos respondeu um “vem comigo”, nos levando para a cozinha do restaurante. Começou a fazer a massa, mostrando os ingredientes e nos ensinando detalhadamente cada passo. Respondeu pacientemente todas as minhas perguntas e, no final, pediu para um funcionário separar um pacote do mesmo tipo do macarrão que ele usava, um vidro de azeite trufado novinho e uma trufa.

E nos deu tudo, dizendo que no Brasil seria mais difícil encontrarmos todos os ingredientes da marca que ele usava, e que seria quase impossível encontrarmos a trufa.
Sem palavras!!!

p.s.1 o endereço:

Moreno Carusi Ristorante
Leipziger Platz 15, 10117
Berlin, Alemanha

p.s. 2 Como fazer a massa?

Super simples, já testei em casa várias vezes e ficou deliciosa (quase tão boa quando a do Carusi!). Pena que acabou minha trufinha.

Encontrei a mesma marca de macarrão no Empório Santa Maria, em São Paulo, onde também é possível encontrar vários tipos de azeite trufado. O azeite é mega caro, mas o difícil mesmo são as trufas...

Fettuccine al tartufo nero

Ingredientes
  • 500g de fettuccine al’uovo 303 “De Cecco” (7 minutos de cozimento)
  • 1 tablete de caldo de carne (na verdade, ele usou um tempero de uma lata super grande, mas concluímos que o mais próximo que eu poderia achar no Brasil era nosso conhecido caldo de carne)
  • manteiga
  • azeite com trufas brancas “Elle Esse”
  • trufas negras
Como fazer
  • Ferver água com o caldo de carne, em quantidade suficiente para cozinhar o macarrão. Cozinhar até ficar “al dente”.
  • Escorrer o macarrão e, numa frigideira grande, derreter a manteiga em fogo baixo. Colocar o macarrão escorrido, mexendo bem para que a manteiga espalhe no macarrão por igual. Acrescentar o azeite trufado, mexendo mais um pouco. Tirar do fogo e raspar a trufa sobre o macarrão, mexendo levemente.
  • Está pronto, fácil assim.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Descobrindo Berlin pela Unter den Linden

Para conhecer Berlin, o ponto de partida é a Pariser Platz, onde se encontra o famoso Portão de Brademburgo e é o início da avenida Unter den Linden, e caminhar até a AlexanderPlatz.

Unter den Linden é a principal avenida de Berlim, construída no século XVI por Frederick William, para ligar o palácio de Berlin ao parque Tiegarten.

Linden é o nome das árvores que estão por toda a extensão da avenida, e que é traduzida para o português como tília. Unter den Linden significa em português “sob as tílias”.

Nesse trecho inicial, a avenida é muito ampla e muito arborizada. Possui um canteiro central que divide as pistas e forma um excelente lugar para passear, andar de bicicleta ou simplesmente se sentar sob as árvores e apreciar o movimento de habitantes e turistas.
Destacam-se prédios clássicos e bonitos como as embaixadas da França, Rússia, Inglaterra e Hungria, o Adlon Hotel e várias lojas, bares e restaurantes elegantes.

Mais à frente, avistamos os belos prédios da Biblioteca Nacional e da Universidade Humboldt. Do lado oposto da avenida, um evento um pouco mais moderno, a Berlin Fashion Week.


Caminhando um pouco mais e chegamos na Ilha dos Museus, que é realmente uma ilha no meio do rio Spree. A ilha recebe este nome por lá se encontrarem cinco museus: Museu Pergamon, Altes Museum, Neues Museum, Alte Nationalgalerie e Museu Bode.  
Como não queríamos ir em muitos museus, fomos apenas ao Pergamon, imperdível! O museu tem alguns templos e edifícios trazidos de escavações arqueológicas na Babilônia, Assíria e Egito que reconstruídos quase na sua íntegra.

Destaco algumas obras que me fizeram ficar de “queixo caído”:
  • Altar de Pergamon – altar do século II a.C. da cidade de Pergamon, na Ásia Menor. Imponente, encontra-se logo na entrada do museu.
  • Ishtar Gate – portão e caminho que levavam à cidade da Babilônia.

Pergamon Altar

Ishtar Gate
Na frente da ilha dos museus, se situa o Berliner Dom, a Catedral de Berlin, construída em 1905.

A catedral é monumental e pode ser avistada de diversos pontos da cidade.

Sempre procuro decobrir se é possível subir no domo, pois normalmente se tem um vista priveligiada da cidade.

Na Berliner Dom, subimos aproximadamente 270 degraus, com um vista magnifica da cidade. Do alto, podemos ver o rio Spree, a Ilha dos Museus e a Rotes Hauhaus, o famoso prédio de tijolos vermelhos da prefeitura.

Depois de descermos do Dom, caminhamos pela praça da prefeitura com o objetivo de chegar na torre de televisão Fernsehturm.

Toda essa parte de Berlin que percorremos, conhecida como Mitte, ficava no setor oriental e a prefeitura foi, durante todo o período em que a cidade ficou dividida, também a sede da prefeitura da Berlin Oriental.

Se eu disse que o Dom pode ser avistado de vários pontos da cidade, a torre de televisão pode ser usada como referência e ponto cardeal. Construída durante o governo comunista para ser um símbolo de Berlin, entre 1965 e 1969, é o edifício mais alto da Alemanha, com 368 metros.

As filas para subir ao topo da torre são grandes, mas o sistema de venda de bilhetes por intervalo de tempo permite uma boa organização. Quando chegou nossa vez de comprá-los, o próximo horário disponível era para 1 hora e meia depois, o que nos permitiu comprar, sair para almoçar e voltar 5 minutos antes do nosso horário de entrada.

Apresentando uma visão de 360º graus de Berlin e com painéis ilustrando com resumos explicativos os principais prédios e regiões, é pleonasmo dizer que a vista é magnífica e que é uma visita imperdível.

Dali podemos ter uma clara visão da Berlin atual. Avistamos ao longe o Tiegarten e o Volksparken como grandes áreas verdes, a região do Portão de Bradenburgo totalmente reconstruída e seus belos prédios, a PotsdamerPlatz com arranha-céus modernos.
Um número sem igual de guindastes deixa claro o intenso período de reconstrução iniciado após a unificação, em contraste com os prédios quadrados e iguais construídos durante a fase comunista na região da torre.


Ainda passeamos pela AlexanderPlatz, uma praça imensa ao lado da torre. Desde a reunificação, essa região passa por um gradual processo de revitalização, mais ainda n|ao perdeu o que ainda não perdeu o "ar" comunista. Os prédios são na maioria formado pelos grandes caixotes que vimos do alto da torre, e a região tem um certo ar de abandono.

"Fonte de Amizade entre os Povos" (Brunnen der Völkerfreundschaft)

"Relógio Mundial" (Weltzeituhr)
Descobrimos ali perto o Alexa Shooping, um bonito shopping recém-construído com mais de 100 lojas.

Resolvemos acabar de vez com os nossos pobres pézinhos e voltar andando pela Unter den Linden. Berlin tem um vasta rede de transporte público, mas o bom mesmo é descobrir a cidade caminhando.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Berlin – Um pouco de história

Como disse no post anterior, Berlin é uma aula de história a céu aberto. Eu estudei a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria no colégio, mas somente aqui entendi os detalhes e a dimensão das duas.

Você não vê apenas prédios e lugares históricos, mas o governo e o povo alemão fizeram um excelente trabalho de preservação dessa história, tornando Berlin literalmente um museu a céu aberto. Você anda pela cidade dessa história e vê monumentos, fotos e textos explicativos contando todos os fatos que aconteceram:
  • Partes do muro podem ser encontradas por diversos pontos de Berlin. São partes inteiras, com desenhos e pixações feitas após a queda. Num primeiro momento, enxerguei aquilo quase como um souvenier de turista, para você tirar foto ao lado e mostrar para os amigos. Depois você se depara com partes maiores, algumas fotos originais da época em que aquilo cortava a cidade em duas e vai entendendo a dimensão do que foi o muro e o que representou na vida de um povo.
  • O percurso do muro está sendo refeito como um caminho marcado por pedras. As pedras são colocadas no mesmo relevo do solo, com uma placa onde se lê “Muro de Berlin”, ou melhor “Berlin Mauer”.  
  • Checkpoint Charlie e região: mantido uma grande parte do muro original, e com uma sequëncia muito grande de painéis com fotos e textos explicando quando e porque foi tomada a decisão de construir o muro, a vida das pessoas durante o tempo em que o muro existiu e a sua queda queda.


Não vou conseguir falar de Berlin sem ao menos tentar recontar essa aula de história que tive.

Berlin tem vários pontos turísticos, museus extraordinários e lugares bonitos, que vou descrever no próximo post, mas antes de tudo isso é uma cidade profundamente marcada pelos acontecimentos da II Guerra Mundial e mais ainda pelos acontecimentos do pós guerra, o período da Guerra Fria. E é sobre esse período que quero falar um pouco.

Após minha viagem, tenho toda a história de Berlin clara na minha cabeça, mas fiz pesquisa de datas e nomes no site http://www.berlin.de/. A Wikipedia, http://en.wikipedia.org/wiki/Berlin_Wall, foi minha fonte de fotos históricas e mapas.

1945
Berlin é derrotada em 2 de maio de 1945, seis dias antes do fim da Segunda Guerra Mundial. A maior parte da cidade está em ruínas, e 2,8 milhões da população original ainda vive na cidade.
Os países aliados - Estados Unidos, Grã-Bretanha, França e União Soviética – assinam um acordo (Acordo de Potsdam) dividindo a Alemanha em quatro setores, cada um ocupado por um membro da aliança.
A capital, Berlin, que se encontra totalmente dentro do setor soviético, também é dividida em outras quatro partes. 
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1946-49
A União Soviética e os demais países aliados começam a se desentender sobre os planos de reconstrução para a Alemanha. Os conflitos aumentam que os países decidem segmentar a administração da Alemanha.

O setor ocidental é incluído no Plano Marshall de reconstrução da Europa, enquanto o setor oriental fica de fora, inteiramente sob a responsabilidade da União Soviética.

Berlin segue a mesma diretriz.

1948
A União Soviética impõe o Bloqueio de Berlin, impedindo o acesso total à Berlin Ocidental aos países do bloco ocidental, isolando a cidade.

A União Soviética espera que o isolamento de Berlin Ocidental e a conseqüente impossiblidade de envio de provisões de alimentos, remédios e materiais enfraqueça o interesse do ocidente pela cidade. Berlin Ocidental se tornaria parte do domínio da União Soviética, primeiro passo para a conquinta de toda a Alemanha.

Os países aliados, no entanto, organizam uma operação aérea de envio de suplementos, com o uso de aviões militares. É uma operação extremamente cara, mas Berlin ocidental se torna questão de honra, principalmente para os Estados Unidos, para deter o avanço do comunismo na Europa.

1949
O bloqueio por terra à Berlin Ocidental termina, mas as viagens de alemães orientais para o lado ocidental só é permitida com autorização especial.

É fundada a República Federal da Alemanha – RFA – na parte ocidental da Alemanha, e Bonn é nomeada a capital do novo estado.

A República Democrática da Alemanha – RDA – é fundada no lado oriental da Alemanha, e Berlin Oriental é nomeada sua capital.

1953
Desde o fim da guerra, houve um fluxo de alemães do lado oriental para o ocidental, mas com medo do aumento das restrições e controles impostos pela União Soviética, esse fluxo dobra em 1953.

O exército soviético usa força e muita violência conter manifestações que começaram a nascer em vários pontos da Alemanha.  
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1961
Apenas em julho, 30.415 residentes da RDA deixam o país para Berlin Ocidental, o maior número em um mês desde 1953.

A construção do muro estava sendo discutida pelos líderes da RDA, mas negada em públido. Poucas semanas do início da sua construção, Walter Ulbricht, líder da RDA na época, respondeu em uma entrevista a um jornalista ocidental:
“Ninguém tem a intenção de construir um muro!”

Alguns dias depois, começou a construção do muro.  
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Os Estados Unidos enviaram forças armadas adicionais para preservar a liberdade em Berlin Ocidental.

Em outubro, houve um tenso confronto entre as tropas dos Estados Unidos e da União Soviéticas no Checkpoint Charlie, na rua Friedrich. Ambos os lados usaram tanques de guerra como demonstração do seu poder militar. Com receio de que o confronto pudesse dar início a uma guerra nuclear, os dois lados se retiraram sem nenhum disparo.

Havia alguns pontos de passagens controlados, mas o Checkpoint Charlie era o mais importante por ser a porta de entrada de autoridades e visitantes estrangeiros. A passagem do ocidente para o oriente era livre, mas o oposto só acontecia mediante a apresentação de documentos ou autorizações especiais.

Toda a fronteira era extremamente vigiada, mas isso não impediu inúmeras tentativas de fuga. Algumas bem sucedidas, outras resultaram em prisões ou mesmo assassinato dos fugitivos. 
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1989
A partir dos movimentos de reforma que aconteceram na União Soviética (glasnost” e “perestroika”), a população da Alemanha e a imprensa mundial pressionam o governo da RDA por reformas também em Berlin.

Em 4 de novembro, mais de 500.000 cidadãos de Berlin Oriental se juntam na Alexanderplatz, protestando contra o governo da RDA e suas muitas exigências e controles.

Os líderes da RDA fazem um pronunciamento em rádio, dizendo que vão liberar as viagens para Berlin Ocidental.

Apesar de não ter sido um pronunciamento claro nem com datas, algumas pessoas interpretam a declaração como o fim do muro e saem às ruas. Logo centenas de pessoas participam da comemoração e se encaminham para o muro para destruí-lo. 
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Os guardas, que também ouviram o pronunciamento, não fazem nada para conter os manifestantes.
Até hoje, há dúvida se essa era realmente a intenção dos líderes soviéticos, ou se foi um mal entendido que tomou um proporção e participação da população, que não se conseguiu mais corrigí-lo.
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Visão de um alemão de Berlin Ocidental

Fizemos amizade com um funcionário do hotel que tinha 18 anos quando o muro caiu.

Como ele nasceu e viveu no lado ocidental, contou sua visão sobre a queda do muro.

Ele disse que a ida para Berlin Oriental realmente era livre para os habitantes do ocidente, mas que em geral as pessoas só iam se precisavam visitar algum parente. Apesar do livre acesso, eles se sentiam monitorados pelos soldados e não se sentiam a vontade para conversar com as pessoas nas ruas.

Quando perguntamos como foi quando caiu o muro, ele nos respondeu que foi assustador.

Contou que Berlin ocidental foi invadida por milhares de pessoas, e que a cidade não tinha estrutura para tanta gente. Muitos que cruzaram a fronteira não queriam voltar para suas casas, por medo de ficar presos novamente.

Além disso, houve falta de todos os itens de consumo, pois ninguém estava preparado para um aumento tão repentino e tão grande da demanda. Nos contou que sempre comprava banana para sua mãe, pois era a fruta que ela mais gostava, mas que ficou meses sem conseguir encontrar nenhuma.

Inglês fluente e fazendo muitas observações inteligentes, contou que Berlin ainda não se tornou uma cidade única. O lado ocidental, por exemplo, aprendia inglês na escola, enquanto o lado oriental aprendia russo, então é mais difícil para os alemães orientais conseguirem empregos em multinacionais. Tem um pouco de preconceito dos dois lados, e que normalmente é possível saber quem nasceu no lado oriental e quem nasceu no ocidental, porque as pessoas falam de maneira diferente, não no sotaque, mas no tipo de palavra usada.

Muito muito interessante ouvir o ponto de vista de um cidadão local.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Expectativas e Impressões de Berlin

Na primeira viagem que fiz à Alemanha, Berlin estava no meu roteiro inicial, mas havia tantas cidades que precisava diminuir a lista ou não conheceria de verdade nenhuma delas. Como meu marido dizia que não queria conhecer a Alemanha Oriental, e para conhecer Berlin precisaríamos atravessá-la, ela foi uma das sacrificadas.

No entanto, sentia desde então um gostinho bem amargo de arrependimento toda vez que lia alguma reportagem ou ouvia alguém falar sobre Berlin. Até meu marido admitiu isso, depois de ouvir uma entrevista feita pelo Dan Stulback, para uma rádio de São Paulo, na qual o entrevistado, quando questionado qual era a cidade que visitaria novamente se tivesse apenas mais uma oportunidade, respondeu sem exitar que seria “Berlin”.

Por isso, quando decidi conhecer a Escandinávia, imediatamente pensei em esticar a viagem e incluir Berlin no roteiro. Afinal sempre ouvi dizer que Berlin é praticamente uma cidade escandinava J.

Uma semana antes da viagem, dois amigos me deram depoimentos totalmente deprimentes sobre Berlin. Um deles me disse que não tem nada para fazer na cidade e que dois dias seriam mais do que suficientes lá e que ainda daria um pouco de tédio, e o outro falou que a cidade tinha um ar “sombrio e triste”.

Sei que gostar ou não de uma cidade é totalmente pessoal. Conheço alguns indivíduos que odeiam Paris, o que para mim é inconcebível, praticamente um crime. Apesar disso, como tinha decidido passar 4 dias e meio em Berlin, estava um pouco ansiosa e com muito medo de me decepcionar. Além disso, era a última cidade da viagem, e o giro pela Escandinávia tinha sido simplesmente perfeito...

Chegamos no final da tarde, e em dia de jogo da copa do mundo: Alemanha x Espanha.

Como sempre, deixamos a mala no hotel, pedimos um mapa e indicação de restaurantes por perto e saímos com a intenção de de dar uma volta na região, ver se conseguiríamos assistir o jogo em algum telão na cidade ou se teríamos de ver no hotel e jantar. Resumindo, nenhum grande plano.

Meio que aleatoriamente, seguimos pela bonita avenida na frente do hotel, ainda totalmente perdidos e tentando se localizar no mapa. Descobrimos que a avenida era a Ebertstraße, olhamos no mapa e vimos que passamos na frente do parque Tiegarten, olhamos para a frente e ficamos em silêncio por alguns minutos.

Meu marido perguntou: “Aquele não é o Portão de Bradenburgo?”. Era.

Vou tentar explicar esse silêncio e espanto. Senti isso na minha primeira viagem ao exterior, quando passei um mês estudando inglês em Londres e, saindo do metrô, dei de cara com o Big Ben. A mesma coisa quando vi ao vivo o quadro “Os Girassóis” de Van Gogh, ou a Torre Eiffel em Paris.

É ter visto algo em livros, revistas ou televisão tantas vezes e por tanto tempo que, mesmo sem se dar conta, aquilo faz parte da sua vida e da sua própria história. E de repente, não mais que de repente, você está cara a cara com essa parte da vida, que traz junto até lembranças boas de você na escola, dos seus pais te ensinado ou contando alguma coisa. Quase me dá vontade de falar: “Oi, tudo bem? Vc não me conhece, mas eu te conheço há tanto tempo...”

O Portão de Bradenburgo é de uma imponência sem comparação. Você se sente pequeno perto dele, e vem imediatamente na lembrança, pelo menos na minha, todos os acontecimentos históricos relacionados a esse lugar. Sem dúvida, é um dos maiores símbolos de Berlin e da própria Alemanha.


Após ter sido quase inteiramente destruído na Segunda Guerra Mundial, foi reconstruído em 1958 pelos soviéticos, durante o período da Guerra Fria, e reformado em 2000.

foto do site: http://www.berlin.de/
O Portão consiste de seis colunas lado a lado, formando 5 passagens. Em cima do portão está a Quadriga, carruagem levada por quatro cavalos e dirigida pela Victoria, a deusa romana da vitória.

O Portão fica no cruzamento da Ebertstraße com a Unter den Linten.

Ficamos sentados na frente do Portão discutindo história e depois caminhamos um pouco pela Unter den Linden, que é a avenida principal de Berlin.

Analisando a quantidade absurda de alemães que assistiriam o jogo no telão montado pelo prefeitura, no Tiegarten, achamos melhor assistir o jogo no hotel.

Comemos uma deliciosa pasta com trufas negras no restaurante indicado pelo concierge do hotel, Moreno Caruso (vou escrever um post especial sobre esse restaurante).

Minha impressão sobre o primeiro dia? Berlin é uma cidade vibrante e uma aula de história a céu aberto. Fui dormir extremamente feliz!